CUOTIDIANO

quinta-feira, agosto 31, 2006

Comunicado de Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros

Em resposta às múltiplas dúvidas e questões (naturalmente absurdas) levantadas recentemente pelos órgãos de comunicação social, vem por este meio o MNE esclarecer que, para o envio de tropas para o Líbano, foram preenchidos os três critérios fundamentais previstos na Lei, ou seja, isto, isto e aquilo. Para além disso, e por forma a continuar a manter uma total transparência sobre todos os actos praticados, esclarece-se, também, que as razões determinantes para que este procedimento fosse tomado foram esta, esta e aquela.. Como facilmente se conclui, é por demais evidente que estes critérios e razões são muito mais objectivos, rápidos de ler e muito menos chatos dos que os que o ministro anterior costumava invocar.

Assim, o MNE reafirma a sua firme disposição em colaborar com os nossos aliados, nomeadamente a Avenida dos, os EUA e o Real Massamá Futebol Clube, fornecendo também aos libaneses, dentro das nossas limitadas possibilidades, artigos de primeira necessidade, nomeadamente puzzles 3D da Torre Eiffel, soutiens wonderbra e a linha completa Outono-Inverno da Ana Salazar para canários transsexuais.

O MNE aproveita o ensejo para afirmar igualmente que, mais uma vez, se comprova que Portugal cumpre as suas obrigações internacionais, nomeadamente não deixando o Presidente Cavaco Silva aparecer nu nas reuniões da NATO e colaborando, como habitualmente, na limpeza da trampa que, habitualmente também, os nossos queridos aliados dos EUA fazem.

Por fim, uma nota pessoal do Ministro: W, gosto mesmo da tua lingerie! Também há disso para humanos?

quarta-feira, agosto 30, 2006

Super só o Ali

Toda a gente fala do regresso do Super-Homem. Então... e andou fugido porquê? É essa a questão que deve ser posta e que não vejo ninguém colocar! Sim, porque para o Super-Homem ter regressado, é evidente que teve primeiro de se ir embora.

Ou seja (e as verdades são para ser ditas), andou uns tempos cobardemente foragido. Então... e as consequências disso? Não pensou nelas, boriifou e foi-se embora, esse irresponsável? Lamentável. E ainda há gente que acredita nele? Mais lamentável ainda (“Ah e tal, estou arrependido, bem sei que não me deveria ter pirado mas fui fazer um peeling a Urâno e comprar umas camisas a Vénus e ainda tive de ir tratar de uns papéis e estava uma grande fila nas Finanças e...” – tangas!).

Bom, mas para melhor situar o problema, relembremos o que se passou entretanto: Não só a Terra ficou entregue ao George Bush, que consegue ser dez vezes pior que dez toneladas de criptonite, como se passaram terríveis acontecimentos sem que ninguém tivesse feito o que quer que seja - nomeadamente a mudança de côr do Mateus que, de um modo inverso a Michael Jackson, deixou de ser rosé para ser preto ou, ainda, o facto devastador e angustiante da namorada do Cristiano Ronaldo ter mudado de bidé (vem na Bíblia segundo S. Tadeu, um apóstolo 24 horas ao seu serviço – faz também casamentos, fellatios ao primeiro encontro e baptizados). Tudo isto e muito mais se passou e o Super-Homem... nada?! E aparece agora com tangas daquelas?! Por amor de Deus!

Mas analisemos o caso mais friamente. A verdadeira questão é: “Porque carga de água não voltou antes? (E, já agora, porque usa ele aqueles collants amaricados?)” Pelo que ouvi dizer, para esta demorada ausência existem várias teorias, sendo mais prováveis as seguintes:

a) Andou por aí nos mexericos inter-galácticos, perdeu a noção do tempo (“ando mesmo de todo”, consta que disse) e só descansou quando Plutão foi despromovido a planeta-anão-rabeta (“ah e tal, parece que ele anda metido com Neptuno, diz que quer mudar de sexo, consta também que quer ser cometa e rasgar os véus e os céus, parece que está a fazer uma dieta para ficar com uma cinturinha de Kuiper...”);
b) Esteve todo este tempo num armário porque certo dia, quando como Clark Kent mudava de roupa escondido, prendeu o instrumento na braguilha e tem estado desde então a tentar desenrascar-se (para todos os efeitos, é uma super-pila, demora tempo);
c) O Fernando Mendes sentou-se em cima dele e adormeceu;
d) É mesmo um ganda maricas!

Bom, acho que é evidente que, qualquer que seja a teoria correcta, sobre esse menino está tudo dito.

Então mas... e o Super que nunca regressa pela simples razão de que nunca se vai embora, nunca abandona ninguém? Porque é que ninguém fala disso? Sim, é claro que estou a falar do AliSuper, o Super que nunca foge. Permanece no Algarve mesmo quando toda a gente se vai, mantém-se atento no seu posto mesmo quando já só sobram algarvios, ali, superior, estóico, aguardando pelo Verão, quando aparece, em todo o esplendor, com as suas corajosas salvações dos orçamentos familiares dos portugueses oriudos de todo o país e que vão para o Algarve na sua penitência anual, numa espécie de peregrinação a Fátima mas com mar e onde a verdadeira cruz são os preços – e é aí que entra (rufem os tambores!)... AliSuper!

Para os (já poucos) incrédulos de Ali, deixem-me contar-vos o que se passou ainda a semana passada na praia onde estava, quando tive o previlégio de assistir, “in loco”, a mais um desses heróicos salvamentos: Começou discretamente, com um cartaz numa avioneta que passava, anunciando “Óleo Fula a 1,14€”. No entanto, e como é evidente, a discrição acabou aí e o que a seguir se passou foi indescritível, pior que um “tsunami” – arrastados por um impulso incontrolável, desatou tudo a correr para fora da praia em direcção, evidentemente, a Ali, o salvador, o “one and only”. (os mais fervorosos crentes de Ali, quase num delírio místico, ainda ficaram mais um pouco, a masturbar-se olhando para o cartaz – mas foram lá ter depois!)

Então – e esta é só para vos arrumar, pessoal da trupe desse falso herói! - e daquela vez em que Ali colocou o desodorizante nívea rolone de 50 ml à venda apenas por 2,50€? O que é que me dizem a isso, fãnzinhos desse menino mimado armado em bom com roupas de gosto mais que duvidoso? Hã? É que nem me venham falar em “Super-Homem”, tenham juízo! (Panilas!)

“Overdose” de Democracia

“Segundo o artigo 17º da lei 23/2006 de 23 de Junho, os alunos do ensino primário, quando constituídos em associação de estudantes da sua escola, têm direito a emitir pareceres aquando do processo de elaboração de legislação sobre o ensino, designadamente em relação aos seguintes domínios:

a) Definição, planeamento e financiamento do sistema educativo;
b) Gestão das escolas;
c) Acesso ao ensino superior;
d) Acção social escolar;
e) Planos de estudos, reestruturação e criação de novos agrupamentos e áreas curriculares ou disciplinas.”

In “Público” de 2006/08/15


Professora:: Ó Luisinho, o que é que tu pensas das recém-criadas áreas curriculares?
Luisinho: Cocó, stôra.
Professora: Ah, julgas que estão mal elaboradas, de um ponto de vista da dinâmica participativa de pais e professores, na respectiva envolvente sociocultural?
Luisinho: Cocó, stôra.
Professora: Pois, pensas que a integração de novos currículos multi-disciplinares poderá e deverá ser melhorada por forma a favorecer uma análise pluri-cultural integrada numa perspectiva de desenvolvimento económico mas, no entanto, cultural também e que, para além disso, isto não é mais que um infame ataque do Governo à autonomia pedagógica das escolas?
Luisinho: Cocó, stôra, porra, preciso de ir fazer cocó! (complicada a gaja, hã?)

terça-feira, agosto 29, 2006

Botânica

Quando a vi passar avisei-a, delicada e discretamente, que tinha um pessegueiro na bilha. Ela sorriu e esclareceu-me que não era um pessegueiro mas sim uma nespereira.

- “Peço imensa desculpa, mas... tem a certeza?”, perguntei quase a medo.

Amavelmente, ela retirou um fruto de um ramo que saía, com dificuldade, de sua bilha e deu-me a provar. Era, de facto, uma nêspera - por sinal, deliciosa.

- “Só lhe posso pedir desculpa, minha senhora, lamento a confusão”, disse envergonhadamente, ensaiando uma pequena vénia.
- “Não faz mal, acontece-me muito, sabe, há imensa gente que também se engana como o senhor e me vem chamar à atenção; é que, hoje em dia, ninguém percebe quase nada de Botânica - sinal dos tristes tempos em que vivemos...”, retorquiu, entrecortando as palavras com pequenos e suaves suspiros de lamento pela cada vez maior ignorância da Humanidade.

Constrangido e embaraçado, pedi desculpa mais uma vez, agradeci a nêspera e vim-me embora, sob os olhares reprovadores, embora discretos, de todos os que observavam aquela triste figura que eu havia feito.

- “Como pude cometer um erro tão grosseiro, confundir um pessegueiro com uma nespereira, meu Deus, como é possível?”, perguntei-me simultaneamente indignado e envergonhado, enquanto voltava em passo apressado para casa, prometendo a mim próprio começar, nesse mesmo dia, a estudar Botânica, para que situações completamente humilhantes como aquela não mais me voltassem a acontecer.

Chegado a casa vi meu Pai passar com um ananás na bilha, cantarolando um sambinha, numa singela mas sentida homenagem a Carmen Miranda. Ou... seria um abacaxi?

segunda-feira, agosto 28, 2006

Coisas fantásticas que fui aprendendo ao longo das minhas férias só lendo os jornais e abrindo os olhos de vez em quando

- Ainda existem aldeamentos (estúpida e infelizmente caros) no Algarve em que não se consegue ter uma ligação à “Internet”;
- George Bush leu um livro;
- Por causa deste último inédito e extraordinário acontecimento, e perante a incredulidade do mundo inteiro, a Casa Branca emitiu um comunicado garantindo que tal era verdade (o que me fez começar a duvidar da veracidade da história);
- Para não perder a prática, Israel e o Hezbollah continuam a matar-se durante o cessar-fogo;
- Parece que Fidel Castro é mortal;
- Também parece que, caso Fidel estivesse verdadeiramente vivo, mandaria assassinar Hugo Chávez por “excesso de sombra”;
- Houve jogos de futebol em que uns ganharam e os outros também, apesar de ninguém ter entrado em campo;
- Este ano, e apesar das temperaturas mais elevadas, está a haver bastante menos área ardida do que no ano passado (será que o Governo andou bem neste campo, nomeadamente na prevenção?);
- José Saramago acha que Günter Grass fez muito bem em ter pertencido às SS nazis e só o ter dito agora;
- Alberto João Jardim consegue dizer “bom dia” (é claro que, a seguir, lá vem o habitual chorrilho de disparates, mas que se lixe, já é um passo em direcção à espécie humana...);
- Só após 32 anos de democracia é que saiu uma lei que obriga a que todos os gastos dos hospitais públicos tenham a ver com o tratamento de doentes (é mesmo fantástico como se demora dezenas de anos a perceber que os hospitais são para tratar os doentes...). Em todo o caso, ainda quero ver qual será a desculpa que os administradores hospitalares irão dar para justificar a compra dos seus auto-presentes de Natal, nomeadamente os “BMW” novos;
- Existem postos de turismo, em Portugal, em que as meninas que atendem o povo não sabem falar português (se calhar é uma evolução, afinal nem todas as ucranianas são prostitutas ou mulheres da limpeza);
- Plutão foi despromovido da categoria de “planeta”, sendo que a consequência mais importante disso é que as criancinhas ficam com menos uma coisa para decorar – só espero que um dia os cientistas não me desiludam dizendo que, afinal, as nuvens já não se dividem em “cirros, cúmulos, estratos e nimbos”, conforme aprendi na instrução primária, e que passou a haver, apenas, “coelhinhos, ursinhos e leõezinhos”. Já agora, com a falta de vida inteligente que há neste planeta (como o provam algumas das descobertas anteriores), não percebo como é que não foi a Terra que “desceu à segunda divisão”;
- A propósito, fiquei a saber que a nova definição de “planeta” é (vou citar de cor) “corpo celeste de forma arredondada, com órbita própria, não sendo uma estrela, tendo o seu próprio espaço gravitacional e podendo (ou não) ter satélites”. Como eu tenho (actualmente, a dieta começa hoje, depois das férias) uma forma arredondada, a minha órbita é constante e regular (casa-escritório e escritório-casa), não sou uma estrela (isso é óbvio para todos excepto para o meu cão e esse ainda não tem idade para votar) e à minha volta gravitam satélites que não consigo enxotar, nomeadamente o TNT 123 (ou “ex-mulher-a-sugar-dinheiro”) e o IRS 365 (ou “12º-Bairro-Fiscal-em-estado-de-sofreguidão”), espero ser, a breve trecho, considerado um planeta;
- Segundo um cientista inglês, existem vacas com sotaque. O que é fantástico nesta descoberta não é a descoberta em si mesma, mas o que ela peca por tardia – mas será que não há um único cientista no Algarve?;
- Uma associação gay dos EUA protestou pelo facto de, nas cerca de três centenas de séries televisivas analisadas este ano, só haver nove personagens homossexuais, contrariamente às dez que havia no ano anterior, o que não respeitaria o princípio da representatividade. Agora pergunto eu – havendo, também, uma percentagem de obesos de 30%, 8% de carecas, 12% de gajos bastante baixos, 10% de canhotos, 7% de fulanos que abanam a pila para a esquerda depois de mijar, 17% de pessoas que detestam televisão e 45% de mulheres, e supondo que temos, por exemplo, uma série policial com uma equipa de cinco detectives, como é que eles teriam de ser, por forma a respeitar o tal princípio politicamente correcto? Um seria anão e homossexual, outro de estatura mediana, ambidestro e quase careca, um outro bissexual obeso, uma mulher que abana a pila para o lado esquerdo depois de mijar e outra que se recusa a ser filmada para a série porque detesta televisão? E se houver, também, um cão-polícia (tipo “Sex, o cão-sevícia”), não será discriminação dos gatos?
- Tom e Jerry foram impedidos de fumar. Haver restrições em relação aos humanos ainda vá que não vá (apesar de alguns fundamentalismos absurdos) mas... os desenhos animados? (será que existe uma Clínica Betty Ford para ‘cartoons’?) Nos que forem criados a partir de agora até aceito, mas censura retroactiva? Curiosamente, o Lucky Luke também deixou de usar a sua beata ao canto da boca para passar a chupar uma palhinha – não me parece boa ideia, já que dá azo à piada facil de que, agora, em vez de apagar cigarros passou a abafar palhinhas (piada, de facto, foleirota...). Em todo o caso, só espero que este espírito censório não atinja o “Casablanca”;
- A propósito de tabaco, também aprendi com um cartaz à beira-praia que uma pastilha elástica demora cinco anos a ser reciclada pela Natureza e a beata de um cigarro apenas dois. Assim, a partir de agora, sempre que uma criancinha lhe pedir uma pastilha elástica dê-lhe, antes, dois cigarros – a Natureza agradece a poupança de um ano de trabalho. Claro que isto tudo pressupõe que a criancinha não é um desenho animado pois, aí, não poderá fumar - o fumo poderia provocar-lhe um cancro nas cores;
- As férias são sempre curtas e começam a ser verdadeiramente angustiantes a partir de metade (esta já sabia, não descobri agora - foi só para partilhar o desabafo). Pior ainda quando se começa a fazer contas e se divide 15 por 365.

sábado, agosto 12, 2006

Lendo o "Público" (2006/08/12)

"Entrar no Castelo de São Jorge vai custar cinco euros"
"Os bilhetes de entrada no Castelo de São Jorge vão subir de três para cinco euros dentro de um ou dois meses"
Com a propensão para a Cultura e para a História que os portugueses já têm, esta medida vem ajudar bastante...
"Este aumento só vem ajudar os portugueses em geral e os lisboetas em particular - Em vez de gastarem o seu pouco dinheiro disponível em coisas supérfluas como a Cultura, assim têm a possibilidade de melhorar, por exemplo, a sua alimentação" - não disse mas podia ter dito Carmona Rodrigues.

quinta-feira, agosto 10, 2006

Onde íamos?

- Não sei onde íamos, onde tínhamos ficado; talvez... longe?

Foi tudo o que lhe conseguiu dizer, tanto tempo depois. Quanto tempo teria passado, quanto tempo, quanto desse tempo se havia tornado passado? Na verdade, era impossível alguém dizer, o tempo para eles não se media da forma convencional, em dias, horas, minutos... media-se em “demais” ou “aqui estou”.

- Não sei também, talvez em... “faltas-me”?

Era verdade que se faltavam, era verdade que o que tinham construído se baseava em faltas, desejos e regressos. Cimentado em dores de alma. Solidificado em palavras, esses não assumidos pedaços de dor.

- Se calhar. E agora, que fazemos com esta presença de morte entre nós?

Talvez a alma, talvez o azul. Talvez o tempo inexplicável, talvez o vento sul, talvez o sabor a sede que experimentaram no primeiro encontro, talvez o desencontro do tempo, da idade, do contratempo das noites desesperadas.. Talvez tudo isso tivesse provocado e invocado essa presença. Talvez.

- Não sei, tens alguma ideia?

O problema é que as ideias só surgiam da outrora imaginada troca de olhares. A primeira aproximação que haviam tido tinha sido a das vozes, ele havia ficado maravilhado com a dela, ela mal percebeu o que ele disse; mas ele tinha a explicação perfeita para disfarçar o timbre nervoso - Adorava tanto as palavras que as comia! Riram-se de forma a acordar as crianças que transportavam dentro de si que, por sua vez, se riram também, assustando algumas estrelas que até caíram, nem que fosse só para dar sorte

- Claro que não, estás farta de saber que tu és o meu génio particular! Por isso, inventa tu qualquer coisa!

Se calhar, não havia nada a inventar; da última vez em que se haviam falado, ela pediu-lhe uma carta, um pedaço da alma e um pouco de azul mas ele havia ficado no seu canto sem saber que dizer, que fazer, que escrever, desalmadamente parado à espera de qualquer coisa por inventar – mas, de facto, o génio era ela...

- Estou? Ainda estás aí?

segunda-feira, agosto 07, 2006

Lendo o “Jornal de Notícias” (2006/08/06)

“Nunca vou a um SAP, nem nunca irei! Porque não têm condições de qualidade” – Correia de Campos, Ministro da Saúde.


Uma nota: SAP quer dizer “Serviços de Atendimento Permanente” mas de permanente não têm muito já que, curiosamente, fecham às 22h!

Uma dúvida: Este não é o mesmo ministro que afirma, constantemente, que as pessoas devem evitar os hospitais e ir aos SAP? Ou seja, o mesmo que aconselha os restantes mortais a irem ser tratados onde ele próprio acha que não presta? Ou será que a bitola da qualidade para tratamento de ministro está tão mais elevada do que para os restantes portugueses? Ou será, muito simplesmente, que ele é demasiado fino para se misturar com o povo?

Um desabafo: Sou dos que considera que este ministro é dos melhores deste Governo e que tem tomado medidas corajosas e positivas. Mas sair-se com uma destas? Não lembra ao Diabo!

Um conselho: Dê o exemplo sr. ministro, vá aos SAP, só assim tomará real conhecimento dos problemas, o que mais rapidamente o levará a tomar medidas para os resolver.

sábado, agosto 05, 2006

Hoje sou eu quem fala de Amor (com o precioso contributo da BT da GNR)

Após uma longa ronda pela “blogosfera”, constatei que o número de “blogs” com dissertações e locubrações mais ou menos elaboradas sobre o tema do Amor era enorme. De volta a casa, constatei que aqui, no “Cuotidiano”, nunca foi escrito nada sobre o tema, apesar de que o mesmo perpassa em alguns dos textos. Mas falar, falar, objectiva ou subjectivamente sobre o Amor é, de facto, algo inédito. Pensando no “porquê” dessa situação, cheguei à única conclusão possível: Não percebo puto do assunto! É que, até hoje, o máximo que consegui sobre o tema foi a criação de uma teoria (reconheço que ridícula) sobre o Amor. Em todo o caso, aqui vai – O Amor é um piano que nos cai de um 10º andar na cabeça, quando passamos na rua e menos o esperamos. Depois disso, é muito difícil levantarmo-nos outra vez (*). Como se prova, não percebo mesmo puto do assunto! Pronto, assumo, é esta a verdade.

Bom, mas por forma a alterar esta minha situação de ignorante quase total, até roçando a iliteracia amorosa, resolvi recorrer ao precioso auxílio da BT da GNR. Sim, a BT da GNR, dos grandes especialistas mundiais sobre o assunto, o que é que tem? Adiante, hoje não ligo a cépticos...

Dizia eu que recorri à BT da GNR que, contrariamente ao que o comum dos mortais julga, não é a “Brigada de Trânsito” da GNR, designação essa que usam só como disfarce. Na verdade, eles são os “Brutas Testas”, uma brigada de ellite para a qual só são escolhidos os melhores dos melhores, a nata da GNR, admitidos apenas se tiverem um QI positivo. A sua real função é descobrir as verdadeiras causas dos acidentes de Amor, ou seja, as razões que levam ao fim da relação amorosa entre dois seres, sejam eles duas pessoas, uma pessoa e a sua mão, um animal invertebrado e uma pessoa ou, até, uma pedra e o Harry Potter (se bem que neste último caso seja facilmente compreensível que a pedra se tenha querido pirar).

Uma das conclusões mais assombrosas desses vultos da intelectualidade lusíada, que encontrei escrita num livro intitulado “O Código Da Love”, escondido há vários anos numa bota cardada de um sargento da BT, Alberto Zweistein, é a de que “as causas e as consequências do Amor são uma e uma só, ou seja, a mesma, coisa, ou seja, o mesmo, aliás igual, portanto pois assim já está pois é igual, sardinhas assadas com tintol para o almoço, iguais e a mesma coisa, assim”. Assombroso! Concluí-se, então, que “quem com ferros mata, com ferros morre”, como diz o povão – ou seja, sacaste a mulher ao teu melhor amigo, ela ir-te-á ser sacada pela sua melhor amiga.

Outra das brilhantes conclusões dessa verdadeira Bíblia do Amor é a de que “os pneus carecas são algo pouco referido; no entanto, assumem grande importância, infelizmente negativa, na problemática do acidente”. Até hoje ainda não consegui descodificar esta, mas deve ser bestial.

Bom, mas então quais são as principais causas dos acidentes amorosos que levam ao fim das relações? Mais uma vez, aprendi com os melhores e concluí que são as seguintes (por ordem decrescente de importância):

1) “Excesso de velocidade”. Mais um exemplo do célebre “no te precipites, no te precipites!”, vulgarizado por filmes intelectuais espanhóis, provavelmente daquele gajo, o Amor-de-Ovar ou lá o que é. Assim, e como casos a incluir neste grupo, temos ele querer sexo antes do casamento e ela, contrariamente, querer sexo, muito sexo, muito antes do casamento, a ejaculação precoce de palavras ou de outra coisa qualquer (por exemplo ela querer dissertar sobre Confúcio antes mesmo de tirar o “soutien”), ele aparecer em casa bêbedo antes do casamento, e outros casos semelhantes.

2) “Excesso de alcoól”. Aqui está uma causa de acidente que pode ser, também, uma causa para o início da relação amorosa – Ela era horrorosa mas como ele estava com vinte “shots” de vodka em cima, viu a verdadeira diva divina. Mas o que é um facto é que, normalmente, funciona ao contrário. “Ah e tal bebes sempre demais e depois fazes-me passar tristes figuras, está tudo acabado entre nós, incluindo o cão” ou “Eu vi perfeitamente que estavas a galar a outra fulana ali ao pé do bar, essa de estares com os copos não serve de desculpa, vou para casa da minha Mãe”, diz ele, enfurecido.

3) “Manobras perigosas” – Neste capítulo incluem-se jogadas arriscadas do tipo “não gostavas de experimentar a três? Aquela tua amiga...” ou “neste Natal não vou comprar prenda para a tua mãezinha, trata tu disso”. É, de facto, importante evitar este tipo de situações, principalmente quando a amiga é a mãe à qual não se comprou prenda no Natal anterior.

4) “Falta de carta” – Contrariamente à atrás referida “ejaculação precoce de palavras”, a falta de palavras de Amor pode ser um problema que, eventualmente, conduzirá ao fim da relação – Ela poderá sentir-se só e abandonada, principalmente no Verão, altura em que os donos abandonam os cães e os vereadores da câmara de Lisboa os respectivos acessores e, influenciada pelo clima geral e pela falta de uma carta dele, achar que está tudo acabado, esquecendo-se e não mostrando a mínima compreensão para o facto de que ele está em trabalho, num congresso médico que se realiza num cruzeiro no Mediterrâneo, obviamente pago pela Bayer.


Bom, já não consigo falar mais sobre o assunto, gastei todo o Amor que tinha para dar. Por isso, e para terminar, aqui fica uma extraordinária letra de amor de Paul Simon, intitulada “Cecília” (porque carga de água terá ele escrito o título em português?) e traduzida para a nossa língua por alguém do Rio de Janeiro – Teve de ser a tradução e não o original porque o meu Inglês se esgota no “Ái lov iú”.


“Fazendo amor durante a tarde
Com Cecilia mo meu quarto
Eu me levantei para minha cara lavar
Quando voltei para a cama
Alguém me tinha tomado o lugar..."


Brilhante, não?


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(*) Curiosamente, já houve quem (uma “blogueira” portuense que assina “Redonda”) acrescentasse à minha teoria um “upgrade” que, aliás, achei muito bem visto. Citando: “Já tinha pensado no piano mas como forma de evitar o amor (se levássemos com o piano em cima antes de o conhecermos)”.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Lendo o “Público” (2006/08/01)

“Aeroporto da Ota vai ficar mais caro do que se previa”

“A comissão técnica responsável pela definição do modelo de negócio do futuro aeroporto da Ota prevê que os custos de construção da infraestrutura, avaliada inicialmente em três mil milhões de euros, vão ser muito superiores.”


Já se sabia que o custo das obras públicas em Portugal vai derrapando sempre ao longo da sua execução, chegando-se ao fim, não em derrapagem, mas sim em despiste total; agora surgiu o “upgrade” - o descalabro começa ainda antes da própria obra se ter iniciado!

Curiosamente, repare-se no “MUITO superiores”, o que é indiciador das grandes competência e fiabilidade dos 2.345.678 estudos técnico-económicos efectuados e apresentados com pompa e circunstância. Já agora, será que, com os novos números MUITO superiores, as conclusões desses estudos seriam as mesmas?