CUOTIDIANO

sábado, novembro 24, 2007

Os meus diálogos com Deus - 1º episódio

A minha primeira experiência com um gravador. Não sexual, claro. Essa já a tive há uns anos atrás. Sobre o som: está baixo, é baixo e tem borbulhas. Ah, é verdade, tenham paciência e não desliguem antes da primeira "muda de voz" (já irão perceber). Caso eventualmente façam esse esforço, assim por assim vão até ao fim (bela rima!). Ou não. Em todo o caso, ouvidos mais sensíveis não deverão ser lavados antes da audição. Boa sorte.

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Aviso: Demora um pouco a carregar o ficheiro. Mas é bem feito: não fossem voyeurs da minha primeira experiência!

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quinta-feira, novembro 22, 2007

Por que no piensa usted?

O Chavez é muito grosso (e foi parvo), o rei é muito fino (mas foi grosso), mas quem esteve mesmo bem foi o seu humilde sapateiro, perdão, Zapatero.

Também acho que Chavez se está a tornar um perigo para a região, tanto mais que não basta ganhar eleições - é preciso manter a democracia em funcionamento, o que não me parece que esteja a acontecer. Mas, por mais gozo que me tenha dado - e deu, confesso! - o rei tê-lo mandado calar, não o deveria ter feito, já que, goste-se ou não, Chavez é o Chefe de Estado da Venezuela, um país soberano e, para grande desilusão do rei, já não sob o jugo espanhol. Relembro que, para manter a ordem, estava lá a presidente da mesa. Ainda por cima não me parece que o rei – que está naquele cargo apenas porque nasceu, não porque tivesse sido eleito - tenha legitimidade, sequer, para mandar calar um espanhol em Espanha...

No entanto, posteriormente viu-se que, afinal, Chavez não é parvo nenhum - montou uma armadilha (na qual o palerma do rei caiu) e já está a lixar, conforme pretendia, as petrolíferas espanholas na Venezuela, agora com uma (boa) desculpa. E a comunidade espanhola também começa a ficar preocupada.

Parece evidente que o rei deveria, ao menos, saber que o princípio básico da diplomacia é engolir sapos educadamente - como, aliás, fez o seu humilde sapateiro, perdão, Zapatero.

Bom, isto já vai longo - por isso piro-me antes que alguém me mande calar!

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quarta-feira, novembro 21, 2007


E eu não poderei ser o bandarilheiro? E o Darth Vader com sua super-mega-hiper-ganda espada o rabejador? Vá lá...

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sexta-feira, novembro 16, 2007

O espirro

Há anos que me cruzava com ela. Todos os dias. Linda.

Em todos esses dias pensei meter conversa. Mas não.

Certa vez, quando se cruzou comigo, ela espirrou. Pensei dizer-lhe “saúde!” ou algo assim – era a minha melhor desculpa, desde sempre, para lhe dirigir a palavra. Mas não.

Ela casou. Mas continuámos a cruzar silêncios. Todos os dias. Linda.

Ela enviuvou. No dia do funeral do marido, fui até sua porta. Bati. Ela abriu. Linda.

Disse “santinho!” e vim-me embora.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Sem pó

Hipnótico. Não há melhor classificação para o estado em que ela ficava sempre que lavava a cabeça com aquele champô. Havia sido comprado numa qualquer obscura loja oriental, algures na esquina entre a noite e a madrugada, à conta da persuasão do mestre vendedor. “Essste tem podeles mágicos!”, garantiu-lhe, meio curvado, face enrugada, com um ar misterioso – ou se calhar apenas aflito para ir à casa-de-banho, não sei, conheço mal a cultura oriental. E a ocidental. E a dos pólos.

“Essste tem podeles mágicos!”. Pelos vistos era verdade. E hipnótico.

O que o champô tinha de extraordinário é que, enquanto aparentemente lavava o exterior - o cabelo -, o que realmente lavava era o interior da cabeça. Ou seja e por consequência, ela não mais sonhara com o Quasímodo, nem com cavalos nus nem, sequer, com fiscais de finanças transsexuais. Não, nunca mais. Agora era só de clonagem de Brad Pitt com Júlio Machado Vaz para cima. Por azar, em termos de cheiro e eficácia exterior, o champô deixava muito a desejar. Mas não se pode ter tudo, não é verdade?

Prossigamos. Um belo dia, ao atravessar a rua, enquanto acrobaticamente matava uma lêndea com um piolho amestrado, cruzou-se com... Quasímodo! Exactamente, o Quasímodo. Mal a viu, com aquele aspecto, com aquele cheiro, em todo aquele horror, o desgraçado logo ali se ficou, tal e qual uma barata em overdose de Sheltox - no chão, de barriga para cima, esperneando desalmadamente. E também desajeitadamente, já que tinha muito pouco equilíbrio corcúndico. (Aliás, desde pequeno que sua mãe lhe chamava à atenção para esse problema – e também para a paz no Mundo e para as couves de Bruxelas).

Felizmente, ao ver tão degradante espectáculo - e devido ao seu enorme coração piedoso -, um dos mosquitos gigantes que orbitava o cabelo dela (ou o que quer que já fosse aquele estranho e mal frequentado habitat), espetou-lhe o ferrão, acabando-lhe misericordiosa e instantaneamente com o sofrimento.

Quanto a ela? Ela voltou, apressada, para casa - ou, mais precisamente, para o chuveiro, onde teve novo encontro erótico com Brad Machado Pitt Vaz E Também Júlio Da Parte Do Pai.

Enquanto isso, nos Céus, o feliz Quasímodo beijava a lêndea morta.

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sexta-feira, novembro 09, 2007

Generation gap

Não conseguia falar com o meu filho. Não conseguia.

Já começava a ficar preocupado.

Fui ter com um psicólogo - que me aconselhou coisas.

Encontrei-me com um filósofo - que dissertou sobre coisas.

Ouvi uma pedicure - que comentou todas as coisas.

Agradeci-lhes tão inestimável auxílio.

Depois, com a ajuda do meu filho – porque não percebo nada de novas tecnologias -, comprei um telemóvel novo.

Agora falamos maravilhosamente.

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quarta-feira, novembro 07, 2007

Estudos de Mercado

- Mas este anúncio caiu que nem ginjas! – disse entusiasmado, em voz bem alta, Aurélio da Cova da Piedade, casado (num casamento medonho) com Josélia da Periferia. E passados tantos anos - quem diria? -, era bonito constatar que o santo matrimónio continuava perfeito, tanto mais que ele já não a via há uns tempos - o que só vem demonstrar que os oftalmologistas servem, apenas, para provocar divórcios.

Adiante. A verdade é que andava a ficar desesperado. Tinha já vendido quase todo o sangue – estava no ponto a que os médicos e os bacalhoeiros chamam de “pré-secura” -, havia dado a sua sábia opinião em todas as sondagens e mais algumas – nomeadamente com vista à tomada de decisões tão importantes quanto se a margarina deveria ser líquida, sólida ou em fusão nuclear para mais agradar às donas-de-casa -, já tinha feito de santa pontapeada nas sessões eróticas dos Manás e, inclusivamente, até chegara ao ponto mais baixo da condição humana, que é aplaudir em programas de televisão do tipo Júlia&Maya&coiso. E não é que não lhe surgia qualquer nova ideia para ganhar dinheiro...

A conselho do seu médico imaginário, trabalhar estava fora de questão - e era urgente ganhar algum, tanto mais que já andava um pouco a dar para o amarelo depois de ter vendido a maior parte do seu fígado a um qualquer porco ricaço que o iria comer com trufas.

- Mas este anúncio caiu que nem ginjas!

Foi à morada indicada. Sentou-se e esperou na sala, ao lado de vários como ele que, pacientemente, aguardavam a vez de participar naquele entusiasmante - como todos, aliás - estudo de mercado. Passado algum tempo, lá foram chamados. A cada um foi distribuído um jornal e seguiram directos para a casa de banho - cada qual na sua, senão perturbaria a estatística e a sonoridade – com instruções precisas, nomeadamente que era proibida a masturbação, a caça às perdizes e o escafandrismo. A cada três minutos, poisariam o jornal que tinham na mão (na melhor das hipóteses) e receberiam outro diferente.

Assim foi. Ao fim de vinte e um minutos exactos (e também giros), cronometrados cientifica e rigorosamente pelos (mais giros ainda) representantes do Governo Civil, haviam sido testados sete jornais.

Aí saíram, de novo para a sala. À frente de cada um estava um questionário que teriam de preencher, votando no jornal que, segundo a sua opinião, melhor satisfizesse dois critérios rigorosos: a) maior alívio intestinal proporcionado e b) maior suavidade na limpeza. Apesar de se ter limpo a uma página com um artigo sobre pregos e anilhas, a escolha de Aurélio, de facto, só podia ser aquela - o alívio havia sido espectacular enquanto lia um artigo (mais espectacular ainda) sobre uma velha de Mondim de Baixo, coxa e perneta e cegueta e com pais bêbados apesar de mortos há vinte anos. Assinalou a sua preferência com uma cruz e pronto - estava terminado o “Cague Test”.

Já na rua, Aurélio distribuía sorrisos, feliz por aquela tarde bem passada, pelas notas que trazia no bolso e também porque não estava no Iraque a ser sodomizado.

É verdade, já me esquecia - por unanimidade ganhou o “Correio da Manhã”.

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sábado, novembro 03, 2007

Lendo os jornais de hoje

Atropelos à estatística – No Público lê-se que “em Portugal, apenas nos primeiros oito meses deste ano, foram atropeladas mais de 16 pessoas por dia”. Saltando para o DN, lemos “quatro atropelados por dia”. Estranho... não eram 16? Mas o mistério resolve-se bastando, para isso, continuar a ler: “Lisboa e Porto à frente nos atropelamentos - Diariamente são atropeladas quatro pessoas, precisamente 3,98”. Ah, pronto, assim está bem - para o DN o que é importante é haver 4 mortos em Lisboa e Porto, 12 na paisagem é irrelevante. (Ou melhor, não 4 pessoas mas sim 3 pessoas e um anão a dar para o altito, já que o valor é 3,98 – que requinte, as centésimas!)

Fugimos para onde? – Também no Público, lê-se que a “Direcção do Hospital de Faro reconhece perigos para doentes nas urgências”. Bom, agora já percebo porque se deve encarar as urgências como o último recurso – porque, ao que parece, é mesmo o último sítio onde se vai ainda a respirar. Conclusão: Chamam-se “urgências” porque, mal se chega, é urgente fugir dali.

O vidrão – No Sol, “Mendes lidera grupo nas energias renováveis”. Ou seja, nada como a experiência própria de ser reciclado para ouvir o apelo amigo do Ambiente. (Já agora, será que ainda vai receber o “subsídio de reintegração” que a Assembleia da República paga aos ex-deputados quando voltam à “vida civil”?)

Espécie em vias de extinção – De acordo com o Expresso, “segundo dados da Conferência Episcopal Portuguesa, o número de padres baixou de 3159, em 2000, para 2934, em 2005. Neste ano, por cada dois padres que morreram foi ordenado apenas um”. Medidas a tomar: 1) Declarar os padres “espécie em vias de extinção”, passando a receber tratamento VIP por parte quer da Liga de Protecção da Natureza, quer do Espírito Santo (o banco, não o amigo de Cristo) já que, por este andar, em Março de 2072 morrerá o último. 2) Deixar que, mesmo morto, um padre possa celebrar missa – pouca gente irá notar a diferença. Bom, pelo menos até que o cheiro se torne diabólico. 3) Se virem um padre subir a uma árvore para comer bambu, não o incomodem – essa técnica resultou com os pandas, que também não se reproduziam em cativeiro. 4) Reciclar padres que morram – com as peças de cada dois reciclados poder-se-á obter um novo em muito bom estado. Assim, somando esse ao que é ordenado, o número de padres mantêm-se. 5) Só deixar padres andar a pé em Lisboa e Porto, pois a probabilidade de atropelamento é de 1/3 em relação aos restantes locais. 6) Nunca levar um padre doente às urgências – mais vale chamar um sacerdote vudu a fumar charros.


E é tudo por hoje.

Bom dia.

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quinta-feira, novembro 01, 2007

Meteorologia

A previsão do tempo recorre ao potencial de cálculo dos computadores para produzir uma estimativa do estado futuro da atmosfera utilizando os designados “modelos de previsão”. Estes modelos baseiam-se num conjunto de equações que traduzem as leis físicas que descrevem o comportamento hidro-dinâmico da atmosfera.

Ou então tira-se à sorte, de dentro de uma caixa com 4 bolas molhadas em café com leite, 5 secas e uma com cuspo. Se sair um frango, irá haver um ciclone.

Ou um churrasco.

E é tudo por hoje.

Boa noite.

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