CUOTIDIANO

quinta-feira, novembro 27, 2008

Só mesmo para rir…

Sindicatos propõem auto-avaliação acompanhada por pedagógico

A proposta que a Plataforma Sindical dos professores vai apresentar amanhã ao Ministério da Educação assenta num documento de auto-avaliação, a ser preenchido pelos docentes e acompanhado pelo respectivo Conselho Pedagógico. Mas para que esta proposta chegue sequer a ser negociada, os sindicatos exigem que o actual modelo de avaliação seja suspenso.
O porta-voz da Plataforma, Mário Nogueira, já tinha informado o DN que os sindicatos iam apresentar "uma solução simples, não administrativa e focada na vertente pedagógica que permita aos docentes serem avaliados este ano". Proposta agora concretizada por outros dirigentes do movimento sindical. Carlos Chagas, secretário--geral do Sindicato Nacional e Democrático dos Professores, adianta ao DN que a Plataforma tem uma forma de ultrapassar o vazio legal deixado pela suspensão do actual processo e realizar a avaliação de quem necessita dela. "Embora ainda não haja um documento escrito e pormenorizado, a nossa proposta vai no sentido de cada professor elaborar um relatório de auto-avaliação a ser apresentado ao Conselho Pedagógico, que seria responsável por acompanhar o seu cumprimento."
A leitura das soluções previstas pelos vários sindicatos para a avaliação permitem perceber melhor o que os dirigentes da Plataforma defendem. Assim, este relatório de auto-avaliação deve conter uma análise do docente sobre as condições em que exerce o processo de ensino e posterior apreciação do relatório por uma Comissão de Avaliação do Conselho Pedagógico. "O documento a apresentar pelo professor é de facto de reflexão da componente científico-pedagógica, mas ainda não pormenorizámos a proposta, porque não faz sentido termos um documento escrito sem sabermos se o Ministério suspende o modelo actual", informa João Dias da Silva, da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação.”


DN On-Line, 27-11-2008

Etiquetas:

Afinal há coincidências… e são f*!

Quer o Governo, quer o Banco de Portugal - nomeadamente na recusa de um aval de 750 milhões de euros -, resolveram não apoiar a tentativa de sobrevivência do Banco Privado Português, “de” João Rendeiro e, assim, deixar cair - ou, pelo menos, entregue ao mercado (esse Deus dos nossos tempos mas que, ultimamente, anda a ficar um bocado mal visto…) - o que é o banco da fina-flor portuguesa e que, genialmente, gere as não menos geniais fortunas desses “portugas” mais abastados. Ora tanta genialidade junta deu bronca e o tal banco top-model foi o primeiro a “dar o berro” (o BPN não conta, já que aquilo não foi má gestão, foi “gamanço”), o que só por si já é extraordinário. Mas a suprema ironia do destino é que isto passa-se exactamente no mesmo dia (claro está que há muito programado) em que João Rendeiro lança a sua auto-biografia de… gestor de sucesso! Só tenho um adjectivo: fermidável!

PS – Toma Rebelo Pinto, estavas enganada!

Etiquetas:

domingo, novembro 23, 2008

A “luta” do sr. Nogueira não é a “luta” dos professores

(Ponto prévio: a minha consideração por esta Ministra da Educação, que era bastante grande pela coragem e saber que vinha demonstrando, baixou consideravelmente desde que, conforme já escrevi em Julho, o Ministério da Educação fez, na altura, uns exames facílimos e as negativas a Matemática passaram para metade de um ano para o outro, atirando depois poeira aos olhos das pessoas, dizendo que essa melhoria era consequência das reformas no Ensino - como se, num ano, qualquer reforma que fosse, surtisse efeito -, demonstrando, apenas e só, que no Ministério se “trabalhava” para a estatística e não para o conhecimento. Agora que estamos esclarecidos, adiante.)

O crescente clima de tensão entre o Ministério e os professores está, fundamentalmente, relacionado com a falta de bom senso de ambas as partes, já que, até agora, nenhuma delas quis ceder, temendo que a opinião pública baralhasse o tal bom senso com, “avanços”, “recuos”, “vitórias”, “derrotas” e outros termos próprios da “luta”.

Como é evidente, nenhuma classe socioprofissional gosta que se lhe retire privilégios e acrescente deveres e, muito menos, que lhe sejam criadas barreiras a uma progressão calma e automática na carreira. Outra evidência é a de que o Ministério acha (e bem) que os professores, como qualquer outra classe, deverão ser avaliados, neste caso não só a bem da justiça dentro da mesma como do próprio Ensino, promovendo os melhores e mais capazes e acabando com a “balda” que sempre tem sido a avaliação pública. Uma última evidência é a de que, para se chegar a um acordo entre duas partes, é necessária que ambas cedam e se chegue a um ponto confortável para todos, onde ninguém sinta que perdeu a face mas sim que imperou o bom senso.

Posto isto, agora que o Ministério aceitou (e bem, na minha opinião) a alteração dos principais pontos (segundo os próprios professores) que serviam de argumentos usados contra esta reforma, parece-me que este momento é a última oportunidade de os professores se demarcarem da "luta" política do PC, liderada por aquela criatura hedionda e arrogante que é o sr. Mário Nogueira(*) já que, afinal e caso não o façam, apenas demonstrarão que tais argumentos não seriam mais do que cortinas de fumo (vulgo “desculpas”) para disfarçar a questão de fundo, ou seja, que os professores não queriam ser avaliados. E apenas isso. Consequentemente, e se prosseguirem neste caminho que só vai dar ao abismo, serão eles próprios a trazer à evidência, perante toda a opinião pública, que era essa e só essa a verdade - o que eu espero, sinceramente, que não aconteça.

Que não haja dúvidas: a “luta” do sr. Nogueira é um dos vários aspectos da “luta” política do PC com o objectivo de enfraquecer o Governo (o que é legítimo, evidentemente), aproveitando o descontentamento (em parte justo, na maioria injustificado) dos professores. No entanto, não é (ou não poderá ser) essa a luta dos professores que sabem, como todos nós sabemos, que a melhoria do Ensino passa, também, pela avaliação, premiando os melhores e não “equalizando” todos, o que só conduz (como se torna evidente pela situação a que chegámos…) ao tristemente célebre “alinhar por baixo”.

Em conclusão: agora que o Ministério alterou os aspectos mais deficientes da reforma, julgo que é tempo de os professores mostrarem, agora eles, bom senso, trazendo paz às Escolas e deixando o sr. Nogueira a esbracejar sozinho.


(*) - Mário Nogueira, "professor" e secretário-geral da FENPROF que, curiosamente, em Abril passado assinou (conjuntamente com todas as outras estruturas representantes dos professores) o acordo com o Ministério sobre a mesma reforma que agora contesta, e que há dezassete anos(!) não dá uma única aula, conforme admitido pelo próprio em entrevista à Antena 1. (É claro que o seu salário é inteiramente pago pelo Estado, tal como se estivesse a dar aulas. É só um pormenor...)

Etiquetas:

sexta-feira, novembro 21, 2008

Quando os ventos sopraram

Quando os ventos sopraram, eu ouvi tua voz. Tenho a certeza que ouvi. Por entre os assobios da lareira, os gritos das múltiplas frechas de portas e janelas, os queixumes desvairados do exaustor, tudo isso tingindo a minha vida de merda de polvilhados sons inesperados de ti, eu ouvi-te. Eras tu, em carne e vento, em osso e gemidos, eras tu quem me dizia palavras incompreensíveis, mas que chegavam às profundezas do corpo, das dores. Sim, eras tu quem eu esperava pior que parado, talvez paralisado de medo e sede de ti, que te conseguias fazer ouvir. E por entre as brechas da minha vida, por entre os fogos extintos de mim, por entre os momentos exaustos de apenas ser eu mesmo e, invariavelmente, ter de me aturar, aguentar, suportar, surgias tu. Sob a forma de desejo. E música. Rasgando silêncios.

Parei. Atento.

Depois os ventos tornaram a soprar e eu ouvi, de novo mas então bem distintamente – estou certo disso -, tua voz.

Estava confirmado. Eras mesmo tu.

Então adormeci. Embalado pelos ventos.

Etiquetas:

sexta-feira, novembro 07, 2008

Extinção

- Então, pá?! Acorda!
- Hã? O que é? Eh pá, que susto, tem calma...
- Calma o quê, não ias salvar a Terra hoje de manhã?!
- Ahhh... pois é, tens razão. Adormeci, que chatice...
- Que chatice não; por tua causa extinguiu-se!
- Deixa estar, aquilo não valia nada... estamos a falar no sistema solar XRJ.23, do 3º planeta sempre em frente, virando à esquerda em Leiria, não é isso?
- Esse mesmo. E que agora já não existe, graças a ti. É que és sempre a mesma coisa, não há dia em que não adormeças quando te destinam um serviço qualquer. Põe-te mas é a pau, que qualquer dia és expulso do sindicato dos super-heróis. É que já é demais!
- Mas é como te digo, aquilo também não valia nada...
- Já dizias isso quando da outra vez adormeceste e esse mesmo planeta ia desaparecendo – e levaste cá uma bronca do Chefe... ainda por cima, por azar, acabaram os dinossauros e depois vieram estes macacos armados em espertos que conseguiram dar cabo daquilo tudo, mesmo sem precisarem de meteoritos nenhuns. Mas agora acabou de vez por tua causa, ó Bela Adormecida!
- Eh pá, está bem, mas não digas nada ao Chefe senão estou lixado!
- Bom, também ninguém vai notar a diferença, não é?
- Pois...

O Papa acordou de sobressalto e rezou umas quantas ave-marias. Sentiu-se melhor - principalmente porque à porta do Vaticano não estava um Tiranossauro-Rex babando-se à sua espera.

Etiquetas: ,