Antónia
Antónia sentou-se no alpendre sem saber, sequer, que aquilo era um alpendre – Como era bom nada saber, não prestar contas a nada, nem a ninguém.
“Então e o José, quando é que ele vem?”
Não chovia. Nem sequer fazia um frio particular. E ela estava apenas ali, estando, ficando. Lembrava-se das palavras doces, como “namorado”. Esquecia as palavras rudes, como “amanhã”. Queria apenas viver aquele momento, aquela espera, aquela fome que ninguém tem.
“Então e o José, quando é que ele vem?”
As horas passavam, ao ritmo das cervejas. Ao ritmo do coração passavam as garças e o anoitecer. As árvores só lhe perguntavam também:
“Então e o José, quando é que ele vem?”
Antónia passava a ferro. Antónia cantarolava canções da infância, não da sua mas de alguém famoso que ela vira em fotos trabalhadas, numa revista dita do coração, que havia casado com alguém também famoso, primo de alguém famoso, tão vazio quanto famoso, com aspecto de cavalo de corrida - mas em homem.
“Então e o José, quando é que ele vem?”
Antónia, ébria de estrelas, pegou na imagem que tinha dele e dançou uma estranha dança, feita de ainda mais estranhos rituais, ainda mais que pagãos, com arbustos incandescentes, velas de incensos distantes e de mais imagens coloridas, como se aquele momento nada mais fosse senão um caleidoscópio de estranhas sensações e enubladas saudades de alguém.
“Então e o José, quando é que ele vem?”
Antónia, passando a ferro as estrelas, sentou-se na chuva, ao ritmo das cervejas. Esperava, mas nunca o admitiria.
Então e o José, pergunto eu, será que ele viria?
“Então e o José, quando é que ele vem?”
Não chovia. Nem sequer fazia um frio particular. E ela estava apenas ali, estando, ficando. Lembrava-se das palavras doces, como “namorado”. Esquecia as palavras rudes, como “amanhã”. Queria apenas viver aquele momento, aquela espera, aquela fome que ninguém tem.
“Então e o José, quando é que ele vem?”
As horas passavam, ao ritmo das cervejas. Ao ritmo do coração passavam as garças e o anoitecer. As árvores só lhe perguntavam também:
“Então e o José, quando é que ele vem?”
Antónia passava a ferro. Antónia cantarolava canções da infância, não da sua mas de alguém famoso que ela vira em fotos trabalhadas, numa revista dita do coração, que havia casado com alguém também famoso, primo de alguém famoso, tão vazio quanto famoso, com aspecto de cavalo de corrida - mas em homem.
“Então e o José, quando é que ele vem?”
Antónia, ébria de estrelas, pegou na imagem que tinha dele e dançou uma estranha dança, feita de ainda mais estranhos rituais, ainda mais que pagãos, com arbustos incandescentes, velas de incensos distantes e de mais imagens coloridas, como se aquele momento nada mais fosse senão um caleidoscópio de estranhas sensações e enubladas saudades de alguém.
“Então e o José, quando é que ele vem?”
Antónia, passando a ferro as estrelas, sentou-se na chuva, ao ritmo das cervejas. Esperava, mas nunca o admitiria.
Então e o José, pergunto eu, será que ele viria?
1 Commenários:
Adorei! Não sei se escreveste a sério se a brincar, mas a verdade é que adorei! O que é fantástico na "blogosgera" é que vim parar a este "blog" por acaso e adorei! Parabéns!
By Anónimo, at 18 de abril de 2006 às 01:51
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