CUOTIDIANO

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Estranhas formas de vida (II)

Cozinha. Jantavam - como sempre - em casa, partilhando as despesas e a solidão. O único diálogo que se ouvia era entre o bater sincopado do pêndulo do relógio da sala e o tilintar avulso dos talheres. Jantaram.

Sala. Após duas horas de silêncio televisivo ela, sem saber porquê, lembrou-se de uma frase de um filme que havia visto na adolescência. Disse-a.

- O esperma cheira a peixe podre.

Depois disso - era inevitável - ele tinha de dizer, fazer alguma coisa. Fez. Pegou no comando e mudou de canal.

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