CUOTIDIANO

quarta-feira, março 13, 2013

O Momento


Houve um momento, aquele momento. Nada mais. A última oportunidade – ou seja, O momento. Ela chegou e sentou-se. Ele não chegou – porque morto sem saber, porque vivo sem sabor. Mas sentou-se. Poisou a sua mão na dela. Poisou. Apenas poisando. Olharam-se d’alma.

Depois olharam em frente, apesar de que ele a olhava de soslaio e de medo morto, o pôr-do-sol repetia-se mas de forma sempre única – ou em segredo -, os cães uivantes que passavam, por intuição “aprovavam-nos”, as morangoskas que circulavam pelas mesas e pelo sangue olhavam-nos, mas…. olharam de novo à volta, olharam-se de novo, algo entre eles era novo. Seria? Seja como for, olharam-se. Sem tempo, medo, ou o que quer que fosse que os impedisse de estar vivos.

… E ela trazia todo o fulgor das sementes a despontar de sol, ele apenas se trazia. Sem sol, sementes há muito abandonadas, desejos sob a forma de educação – algo que ele sempre desprezara, mas que lhe circulava no sangue e que não havia como evitar.

Como amá-la?

É que amá-la MESMO era tê-la, possuí-la, deixar que ela o possuísse – ou, no limite e por instantes desprendidos da palavra “sempre”, serem eternos. Eternidade? A sério… eternidade?


Sim, ETERNIDADE, a única forma que a vida encontra para se transformar apenas e só num momento. Único.
 

(Depois morto. Por isso eterno.)

 

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