O Momento
Houve um momento, aquele momento.
Nada mais. A última oportunidade – ou seja, O momento. Ela chegou e sentou-se.
Ele não chegou – porque morto sem saber, porque vivo sem sabor. Mas sentou-se. Poisou
a sua mão na dela. Poisou. Apenas poisando. Olharam-se d’alma.
Depois olharam em frente, apesar
de que ele a olhava de soslaio e de medo morto, o pôr-do-sol repetia-se mas de
forma sempre única – ou em segredo -, os cães uivantes que passavam, por
intuição “aprovavam-nos”, as morangoskas
que circulavam pelas mesas e pelo sangue olhavam-nos, mas…. olharam de novo à
volta, olharam-se de novo, algo entre eles era novo. Seria? Seja como for, olharam-se.
Sem tempo, medo, ou o que quer que fosse que os impedisse de estar vivos.
… E ela trazia todo o fulgor das
sementes a despontar de sol, ele apenas se trazia. Sem sol, sementes há muito
abandonadas, desejos sob a forma de educação – algo que ele sempre desprezara,
mas que lhe circulava no sangue e que não havia como evitar.
Como amá-la?
É que amá-la MESMO era tê-la,
possuí-la, deixar que ela o possuísse – ou, no limite e por instantes
desprendidos da palavra “sempre”, serem eternos. Eternidade? A sério… eternidade?
Sim, ETERNIDADE, a única forma
que a vida encontra para se transformar apenas e só num momento. Único.
(Depois morto. Por isso eterno.)
1 Commenários:
Belíssimo momento...
By APC, at 2 de abril de 2013 às 01:07
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