A minha estranha forma de morte (*)
I
Hoje morri
mais um bocado. Aliás, hoje um bocado de mim morreu. Mais aliás ainda, hoje
morri.
Conforme
estatística que acabo de inventar, uma pessoa só se apaixona de 20 em 20 anos e
como – muito provavelmente – já não duro tanto, esta seria a minha última
oportunidade de ser feliz (sim, porque a felicidade nunca é a um, requer no
mínimo dois – eventualmente também uma ovelha, mas isso são outras conversas…);
por isso ---
II
Não mais te
irei esperar ao cais de um Douro qualquer. Não mais aguardarei barcos ou
horizontes cada vez mais longínquos, tua voz com teu sotaque, teu corpo com
tuas curvas, tuas curvas, cada uma delas com seu desejo particular e
extravagante. Não mais.
Que fique
claro: Faço isto não por ti, não por nenhum romantismo estranho e perverso,
nada disso. Apenas porque a dor me faz gases e eu preciso de trabalhar em
sociedade. Por isso ---
III
Hoje renasci
neste cais. Enquanto assistia à morte do horizonte em bocados de cor,
lembrei-me de nós e chorei. Depois lembrei-me de ti e sorri. Por isso ---
Abracei uma
ovelha e parti.
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(*)
Para ti que sabes quem és, de mim que não faço a mínima ideia quem sou.
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