CUOTIDIANO

terça-feira, abril 18, 2006

Anonimamente

“Só tu poderias saber o que me traz aqui!”, disse ela, ainda ofegante do caminho.

Ele olhou-a como quem olha uma buceta – É estranho, mas achamos piada.

“Então diz...”, retorquiu.

“Que porra, é preciso dizer?”

“‘Tá bem, não te excites!”

“Ainda bem que me compreendes. Sabes uma coisa? És o único! Vou aqui e ali, dou-me com este e aquele, mas ninguém me entende – Posso dizer:: ‘não sei quem sou, nada me afecta’, poderia perguntar-te ‘penetras insectos fusiformes?’, que eu sei que me entenderias. Porquê? Porque sim, porra, porque sim!”

Somente o tempo passava - Para além dos sons. As mulheres iam para as fábricas, os homens também, mas disfarçavam fingindo que apenas vigiavam o rio. O tempo continuava alteroso, disfarçado de vagas inúteis - Tudo passava menos a sua vida, execrável e silenciosa, tal qual o Big Ben a tentar peidar-se.

“Ouve lá, já sabes que o Jó se meteu na droga?”

Que porra, a realidade!

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