...que é como quem diz
Como quem diz alguma coisa, nada te disse – dei-te o som de palavras indecisas em vez de mãos apertadas, troquei sonhos em vez de olhares, comprei esquecimentos ao preço de vontades – como num entrelaçado silêncio de vozes, disse-te “olá” no mesmo e preciso instante do adeus. Melhor - como numa estranha forma de nada dizer mas dizendo, estranhamente calei o quanto te amava.
Outra vez. Como quem diz alguma coisa, nada te disse - enquanto as palavras voavam pelas noites, serpenteando estrelas para, de manhã, se entreterem apenas a embalar os dias nado-mortos.
Até que, um dia, olhei as minhas mãos – eram feitas de retratos de tempos e barcos e losangos e nuvens; tantas coisas mas, sem ti, vazias. Só aí, verdadeiramente, me apercebi que te havia amado muito mas muito para além das putas das palavras!
Nesse momento, morri. E, desde aí, limito-me a navegar silêncios.
Outra vez. Como quem diz alguma coisa, nada te disse - enquanto as palavras voavam pelas noites, serpenteando estrelas para, de manhã, se entreterem apenas a embalar os dias nado-mortos.
Até que, um dia, olhei as minhas mãos – eram feitas de retratos de tempos e barcos e losangos e nuvens; tantas coisas mas, sem ti, vazias. Só aí, verdadeiramente, me apercebi que te havia amado muito mas muito para além das putas das palavras!
Nesse momento, morri. E, desde aí, limito-me a navegar silêncios.
Etiquetas: conto/crónica
4 Commenários:
Anda! Que é como quem não diz...
By APC, at 23 de março de 2007 às 03:08
Dos textos mais lindos que já li.
Com tanto para dizer, tanto fica sempre por dizer... que é como quem diz aquilo que não disse.
E o Tempo que nos leva e lava as marcas, o Tempo que nada nos traz e nada nos diz... por isso seremos sempre nós os únicos e primeiros detentores das palavras, das putas das palavras que teimam em não sair nas piores horas.
E quando nos damos conta, o Tempo já passou, e depressa se torna Passado esse Presente que nos é dado a cada instante.
Beijos.
Gostei de voltar aqui.
By A, at 25 de março de 2007 às 20:59
"Navegar é preciso, viver... não é preciso...."
Navegar... ainda que silêncios.
Beijo
By Leticia Gabian, at 27 de março de 2007 às 02:24
As palavras, sempre «as putas das palavras» prontas para atrapalhar tudo, quando o que se deve pura e simplesmente fazer é amar sem peias nem medos...
By Madrigal, at 28 de março de 2007 às 22:36
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