CUOTIDIANO

sexta-feira, abril 25, 2008

"Felor"


No meu primeiro ditado da primeira classe dei um erro – nunca o esqueci – na palavra “flor”, por mim então acrescida de um “e” (curiosamente, de “erro”) ficando, então, uma bela de uma “felor”. Lembro isto, provavelmente, por ser 25 de Abril e a versão lusíada de Che Guevara ser um cravo - com a suprema vantagem sobre a revolução cubana de haver sempre muitos, renováveis todos os dias, todos os anos, e nunca alguém ter conseguido clonar o Che sem ser em camisolas e posters de adolescentes retardados (como eu).

Passaram 34 anos desde 1974. Hoje não tenho casa - vivo debaixo dos pedaços ainda de pé de uma estranha ponte entre mim e os outros que eu próprio vou destruindo -, não tenho ossos comemorativos para virem daí pá, não conheço a quem oferecer um cravo e os cravos internéticos não têm cheiro, nem sequer a imberbe mas revolucionário suor militar. Mas isso que importa?

Importa é que passaram 34 anos desde 1974 e apesar de andarmos quase todos tesos podemos dizê-lo em público, vivemos em desesperança quase crónica, mas sabemos que temos o país de volta. Entretanto, construímos pontes para a europa e para o mundo, já não somos só postais ilustrados e provincianos, discutimos ideias e ideais e merdas do catano, tropeçamos e atrapalhamo-nos uns aos outros mas acabamos sempre por nos levantar, já não há a fome que havia, o silêncio que havia, o medo que havia, o obedientemente correcto que havia, os analfabetos agora são todos diplomados, já não há guerra nem aparecem mais estropiados nem loucos do que os estritamente necessários para o (des)equilíbrio do planeta e – o mais fantástico de tudo! - até o Rexina pôde voltar a ser Rexona.

Mas o que importa, mesmo, mesmo, é que é 25 de Abril! Por isso...

(mais um golo – eh lá, esta está quase a acabar...)

venham daí esses ossos, “felor”!

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