CUOTIDIANO

sábado, abril 12, 2008

A minha paixão por ti vista de uma estranha janela

Quando as palavras ficaram paradas a olhar-te, percebi que não era só eu que me apaixonara por ti. Havia todo o resto do Mundo. E os castores.

Eras

(e hoje ainda serás, por certo)

linda de fazer parar o trânsito - incluindo o intestinal. De facto, até a própria Terra parava de rodar quando, a cada dia, amanhecia apenas e só por ti – o que fazia com que o tempo também parasse e a Swatch fosse quase à falência. Mas isso eram “peanuts”, comparado com o que a minha alma inchava, com o que o meu peito doía, com o que o meu corpo tremia. Com o quanto eu te desejava.

Passaram anos, muitos. Demais.

Hoje sobras-me nas canções lentas, no pôr-do-sol feito laranjada, no amanhecer ao som do anúncio da Nescafé, nos cascas dos primos dos camarões tigre do nosso primeiro encontro, nas imperiais saudades de ti, na poesia que me engasga e tusso mas que me ajuda a sobreviver, no tempo a mais que me vai faltando, faltando sempre, no ar sem ti que respiro.

Quando as palavras ficaram paradas a olhar-te, percebi que não era só eu que me apaixonara por ti. Havia todo o resto do Mundo, incluindo o silêncio.

(Por isso calo-me, enquanto o vento te assobia na estranha janela onde vou esperando. Por ti, não por Godot.)

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2 Commenários:

  • Vamos acabar com o Acordo Ortográfico!

    http://www.petitiononline.com/naoacord/

    *dbidrve

    By Blogger Balbino, at 17 de abril de 2008 às 17:00  

  • Eras linda de fazer parar o trânsito - incluindo o intestinal. De facto, até a própria Terra parava de rodar quando, a cada dia, amanhecia apenas e só por ti – o que fazia com que o tempo também parasse e a Swatch fosse quase à falência.

    ... Uma belíssima carta de amor, de "imperiais saudades", daquilo que fica apesar [a pesar] e através de tudo.

    Um beijo*

    By Blogger APC, at 18 de abril de 2008 às 23:19  

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