CUOTIDIANO

quarta-feira, agosto 06, 2008

Genética

O porquinho voava, despreocupado, observando os outros animais da quinta, vagarosos, bem lá por baixo. Todos o invejavam, já que havia nascido com asas e podia voar. “Porquinho sortudo!”, diriam se soubessem falar.

Mas, infelizmente para ele, nesta vida nem tudo é o que parece. De facto, não vivia feliz - bem pelo contrário -, pois era órfão de mãe, já que o porco de seu pai, num acesso de raiva e ciúmes, a havia assassinado por achar que ela o traía com um falcão-peregrino.

O porquinho, esse, continuava lá pelos céus, suspirando angustiado, enquanto remoía pela milionésima vez o mistério que o atormentava desde sempre: mas, afinal, o que teria levado seu pai a desconfiar de tal coisa?

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