Bourbon
Últimas palavras de Humphrey Bogart antes de morrer:
“Nunca deveria ter mudado do whisky para o martini.”
“Nunca deveria ter mudado do whisky para o martini.”
Voltava de Madrid, onde me tinha ido encontrar com um papagaio bipolar. Apesar do Espaço Schengen, das fronteiras abertas e do cozido à portuguesa, fui mandado parar por um polícia fronteiriço - uma espécie que, julgava eu, já estaria em extinção, conjuntamente com o gelo do Pólo Norte, a Amazónia e o Político Honesto.
- Tem alguma coisa a declarar?
- Não, nada.
(Aliás, nem quando pedi a minha ex-mulher em casamento me declarei – dei-lhe apenas a minuta do contrato e um beijo mal dado.)
- Desculpe, mas dá bem para ver que transporta emoções. E não as declarou!
Estava tramado. Era verdade. E, ainda por cima, o sacana estava-se a borrifar para os caramelos da Viúva Solano
(que, coitada, deve ser viúva à brava, já que passa o tempo todo a fazer caramelos, no que será a única forma que conhece para esquecer o marido, o defunto Sr. Solano)
e fixava-se nas minhas emoções. Que grande azar! E, para cúmulo, era um gajo!
- Pois é, agora vai ter de pagar imposto sobre as importações!
- Mas eu já transporto comigo estas emoções desde há muito tempo, já as trazia desde que saí de Lisboa, porque carga de água é que vou pagar imposto sobre as importações?! Ainda se estivesse apaixonado por uma espanhola qualquer que me tivesse agora abandonado, eu perceberia – mas assim, com as mesmas emoções de há mais de dez anos... O Sr. guarda não vê que estas emoções estão gastíssimas, até já em muito mau estado?
- Sim, vejo, mas não deixam de estar em belíssimas condições de uso. Daí o pagamento de imposto.
Sacana! Tinha razão! De facto, era impossível esquecê-la!
Paguei e vim-me embora - mas nunca mais me apanham descalço já que, em Elvas, dei boleia a uma espanhola ressacada e, a partir daí...
(Ou seria um papagaio bipolar? Chiça, vou ter de largar o Bourbon!)
- Tem alguma coisa a declarar?
- Não, nada.
(Aliás, nem quando pedi a minha ex-mulher em casamento me declarei – dei-lhe apenas a minuta do contrato e um beijo mal dado.)
- Desculpe, mas dá bem para ver que transporta emoções. E não as declarou!
Estava tramado. Era verdade. E, ainda por cima, o sacana estava-se a borrifar para os caramelos da Viúva Solano
(que, coitada, deve ser viúva à brava, já que passa o tempo todo a fazer caramelos, no que será a única forma que conhece para esquecer o marido, o defunto Sr. Solano)
e fixava-se nas minhas emoções. Que grande azar! E, para cúmulo, era um gajo!
- Pois é, agora vai ter de pagar imposto sobre as importações!
- Mas eu já transporto comigo estas emoções desde há muito tempo, já as trazia desde que saí de Lisboa, porque carga de água é que vou pagar imposto sobre as importações?! Ainda se estivesse apaixonado por uma espanhola qualquer que me tivesse agora abandonado, eu perceberia – mas assim, com as mesmas emoções de há mais de dez anos... O Sr. guarda não vê que estas emoções estão gastíssimas, até já em muito mau estado?
- Sim, vejo, mas não deixam de estar em belíssimas condições de uso. Daí o pagamento de imposto.
Sacana! Tinha razão! De facto, era impossível esquecê-la!
Paguei e vim-me embora - mas nunca mais me apanham descalço já que, em Elvas, dei boleia a uma espanhola ressacada e, a partir daí...
(Ou seria um papagaio bipolar? Chiça, vou ter de largar o Bourbon!)
Etiquetas: conto/crónica
4 Commenários:
Ó Elvas! Ó Elvas!
:)Beijinho*
By Maria P., at 19 de julho de 2008 às 19:23
Ao fim de tanto tempo, estou de volta. Que saudades... tantas... Este comentário serve mesmo para dizer "olá, estou viva e vim para ficar :D "
beijinho
há muita leitura para por em dia. aff aff
beijinho ;D *
By Madalena, at 23 de julho de 2008 às 22:34
Que ganda ressaca, meu. O que valeu foi ter sido de buída (española) da boa.
Gostei de ter vindo aqui para(não me perguntes como).
By Anónimo, at 25 de julho de 2008 às 01:43
(I)rreal, (i)ndirecto, (i)nsano...
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By APC, at 1 de agosto de 2008 às 01:36
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