CUOTIDIANO

domingo, novembro 23, 2008

A “luta” do sr. Nogueira não é a “luta” dos professores

(Ponto prévio: a minha consideração por esta Ministra da Educação, que era bastante grande pela coragem e saber que vinha demonstrando, baixou consideravelmente desde que, conforme já escrevi em Julho, o Ministério da Educação fez, na altura, uns exames facílimos e as negativas a Matemática passaram para metade de um ano para o outro, atirando depois poeira aos olhos das pessoas, dizendo que essa melhoria era consequência das reformas no Ensino - como se, num ano, qualquer reforma que fosse, surtisse efeito -, demonstrando, apenas e só, que no Ministério se “trabalhava” para a estatística e não para o conhecimento. Agora que estamos esclarecidos, adiante.)

O crescente clima de tensão entre o Ministério e os professores está, fundamentalmente, relacionado com a falta de bom senso de ambas as partes, já que, até agora, nenhuma delas quis ceder, temendo que a opinião pública baralhasse o tal bom senso com, “avanços”, “recuos”, “vitórias”, “derrotas” e outros termos próprios da “luta”.

Como é evidente, nenhuma classe socioprofissional gosta que se lhe retire privilégios e acrescente deveres e, muito menos, que lhe sejam criadas barreiras a uma progressão calma e automática na carreira. Outra evidência é a de que o Ministério acha (e bem) que os professores, como qualquer outra classe, deverão ser avaliados, neste caso não só a bem da justiça dentro da mesma como do próprio Ensino, promovendo os melhores e mais capazes e acabando com a “balda” que sempre tem sido a avaliação pública. Uma última evidência é a de que, para se chegar a um acordo entre duas partes, é necessária que ambas cedam e se chegue a um ponto confortável para todos, onde ninguém sinta que perdeu a face mas sim que imperou o bom senso.

Posto isto, agora que o Ministério aceitou (e bem, na minha opinião) a alteração dos principais pontos (segundo os próprios professores) que serviam de argumentos usados contra esta reforma, parece-me que este momento é a última oportunidade de os professores se demarcarem da "luta" política do PC, liderada por aquela criatura hedionda e arrogante que é o sr. Mário Nogueira(*) já que, afinal e caso não o façam, apenas demonstrarão que tais argumentos não seriam mais do que cortinas de fumo (vulgo “desculpas”) para disfarçar a questão de fundo, ou seja, que os professores não queriam ser avaliados. E apenas isso. Consequentemente, e se prosseguirem neste caminho que só vai dar ao abismo, serão eles próprios a trazer à evidência, perante toda a opinião pública, que era essa e só essa a verdade - o que eu espero, sinceramente, que não aconteça.

Que não haja dúvidas: a “luta” do sr. Nogueira é um dos vários aspectos da “luta” política do PC com o objectivo de enfraquecer o Governo (o que é legítimo, evidentemente), aproveitando o descontentamento (em parte justo, na maioria injustificado) dos professores. No entanto, não é (ou não poderá ser) essa a luta dos professores que sabem, como todos nós sabemos, que a melhoria do Ensino passa, também, pela avaliação, premiando os melhores e não “equalizando” todos, o que só conduz (como se torna evidente pela situação a que chegámos…) ao tristemente célebre “alinhar por baixo”.

Em conclusão: agora que o Ministério alterou os aspectos mais deficientes da reforma, julgo que é tempo de os professores mostrarem, agora eles, bom senso, trazendo paz às Escolas e deixando o sr. Nogueira a esbracejar sozinho.


(*) - Mário Nogueira, "professor" e secretário-geral da FENPROF que, curiosamente, em Abril passado assinou (conjuntamente com todas as outras estruturas representantes dos professores) o acordo com o Ministério sobre a mesma reforma que agora contesta, e que há dezassete anos(!) não dá uma única aula, conforme admitido pelo próprio em entrevista à Antena 1. (É claro que o seu salário é inteiramente pago pelo Estado, tal como se estivesse a dar aulas. É só um pormenor...)

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3 Commenários:

  • "Posto isto, agora que o Ministério aceitou (e bem, na minha opinião) a alteração dos principais pontos que serviam de argumentos usados contra esta reforma, parece-me que este momento é a última oportunidade de os professores se demarcarem da luta política (...), já que, afinal e caso não o façam, apenas demonstrarão que tais argumentos não seriam mais do que cortinas de fumo (vulgo “desculpas”) para disfarçar a questão de fundo, ou seja, que os professores não queriam ser avaliados".

    De novo: agora que o ME aceitou a alteração dos "principais" (portanto, alguns; e "principais" na opinião de quem?), é a "última" oportunidade? Não, não faz sentido.

    Mas pronto, era só isto. Não me apetece conversar! :-P

    Um abraço!*

    By Blogger APC, at 25 de novembro de 2008 às 00:47  

  • esta sequência de acontecimentos é mais uma patetice de portugal no seu pior...
    haja fé que dias melhores hão-de chegar.

    By Blogger rita, at 25 de novembro de 2008 às 00:49  

  • Não fossem as pessoas tão aversas a informarem-se sobre as coisas, tão demitidas do que se passa com os outros e tão invejosas umas em relação às outras, e talvez não fossem apenas uns a lutar por si, mas todos quantos o compreendessem.

    Alguém disse que a falta de empatia é a razão de todas as guerras. É, pelo menos, o traço mais forte da psicopatia, lá isso'!

    By Blogger APC, at 4 de dezembro de 2008 às 01:36  

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