CUOTIDIANO

quarta-feira, junho 21, 2006

As palavras estavam desertas

Antes de ti as palavras estavam desertas. Sem sabor ou vontade. Limitavam-se a andar por aí, sendo que a mais utilizada era “toupeira”. Então as outras... Mas isto era antes de ti. Antes da noite que todas as noites me relembram. Antes da impressão de nuvem de um quadro de van Gogh, me ter tatuado tua alma recém-criada num qualquer ponto em forma de assim aqui dentro, mais ou menos ao virar da esquina do meu coração. Mas isto era antes de ti. Antes de achar que valia a pena esperar, que valia a pena ouvir o bater agora do teu coração em cada palavra que me dás. Antes de, na mão que não tocamos, poisares de regresso, para me alimentares de pássaros e fontes e viagens, para que, de cada vez que dizes que és minha, nunca o sendo e ainda bem, me abanares as palavras sólidas como “casa” ou “pão” ou “dor”.

Antes de ti as palavras estavam desertas, já te disse. Agora, os sons de “espero-te”, “desejo-te”, ou o ainda mais complicado “almamente te amo”, fazem parte dos momentos todos de entre nós, felizmente não depois de ti mas para sempre “durante ti”.

Sabes, durante ti, não mais precisarei de palavras - Em abraço te beijarei, até que o tempo pare, a noite chore e o amor vença.

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