CUOTIDIANO

segunda-feira, agosto 07, 2006

Lendo o “Jornal de Notícias” (2006/08/06)

“Nunca vou a um SAP, nem nunca irei! Porque não têm condições de qualidade” – Correia de Campos, Ministro da Saúde.


Uma nota: SAP quer dizer “Serviços de Atendimento Permanente” mas de permanente não têm muito já que, curiosamente, fecham às 22h!

Uma dúvida: Este não é o mesmo ministro que afirma, constantemente, que as pessoas devem evitar os hospitais e ir aos SAP? Ou seja, o mesmo que aconselha os restantes mortais a irem ser tratados onde ele próprio acha que não presta? Ou será que a bitola da qualidade para tratamento de ministro está tão mais elevada do que para os restantes portugueses? Ou será, muito simplesmente, que ele é demasiado fino para se misturar com o povo?

Um desabafo: Sou dos que considera que este ministro é dos melhores deste Governo e que tem tomado medidas corajosas e positivas. Mas sair-se com uma destas? Não lembra ao Diabo!

Um conselho: Dê o exemplo sr. ministro, vá aos SAP, só assim tomará real conhecimento dos problemas, o que mais rapidamente o levará a tomar medidas para os resolver.

3 Commenários:

  • Devem estar prestes a mudar de nome e forma de organização. Afinal este é o "modus operandis" deste governo... começa por enxovalhar uma determinada àrea e depois restrutura-a...

    By Blogger José Raposo, at 7 de agosto de 2006 às 23:42  

  • Acho que há muitas áreas a precisar de reestruturação e a Saúde, evidentemente, é uma delas. Acho, também, que o ministro esteve bem em várias situações, nomeadamente ao enfrentar o "lobby" das farmácias (com aquele Cordeiro que, afinal, é um grande lobo), a tentar redistribuir os poucos recursos que tem e outras medidas no sentido de racionalizar e melhorar a Saúde em Portugal.
    Neste caso concreto acho que esteve mal, o que, na minha opinião, não invalida os seus aspectos positivos.

    Quanto a enxovalhar áreas, sinceramente, acho que um dos problemas deste País é o debate estar quase reduzido ao "sound-byte" e à reprodução, até à exaustão, pelos meios de comunicação social do mesmo (o que pode contribuir para essa noção) e não haver um debate a sério, global e sereno, sobre os problemas. Por outras palavras, passa por "enxovalhanço" o simples apresentar de factos. Por exemplo: É "enxovalhanço" dizer que os juízes têm previlégios (nomeadamente em relação às férias, ao absentismo, às reformas...) muito, mas muito acima da média? Não, é verdade. É "enxovalhanço" dizer que há dezenas de classes profissionais com regime de excepção em termos de reforma na Função Pública, quando uma excepção é, por definição, o caso raro e não o comum? Não, é apenas a verdade.
    O problema (também) reside, na minha opinião e tal como eu disse atrás, que vivemos numa sociedade de "fast-food" intelectual!

    Eu sei, evidentemente, que o "Suburbano" é tudo menos um "fast-foodeiro" (eh pá, esta soa mal!), sendo um dos raros "blogs" que eu conheço lúcidos e permanentemente atentos à realidade deste País. Por isso, espero (e sei que esperamos os dois) que a reestruturação se faça, o mais depressa possível e em benefício dos utentes, ou seja, nós, o povão!

    PS - Espero também que o "Suburbano", que eu muito prezo e com quem normalmente concordo, não me leve a mal mas, de facto, desta vez não concordamos integralmente.

    Um abraço

    By Blogger cuotidiano, at 8 de agosto de 2006 às 00:18  

  • Cuotidiano, até que concordamos na essência.
    Eu tb não concordo que o simples apresentar de factos que visam uma análise dos problemas e uma tentativa de os resolver deva ser entendida como "enxovalhanço".
    Aliás nem me interessa muito o aproveitamento que os meios de comunicação social fazem de cada palavra dos políticos, até porque à excepção da vida política não se passa nada de realmente interessante neste país.
    O meu problema é quanto à forma adoptada por este governo para fazer as coisas.
    Eu até concordo com a generalidade das medidas que têm vindo a ser tomadas para reestruturar e requalificar determinados sectores. Mas tinha esperança que não fosse necessário andar a insultar os funcionários desses sectores para que a coisa fosse feita.
    Eu vejo a coisa numa óptica de conflitualidade social, e não me parece aceitável que os jornais saibam antes dos visados quilo que vai ocorrer, seja nos SAP, nas Escolas, nos tribunais ou onde quer que seja...
    As reformas essenciais que este país precisa e que aparentemente (segundo as sondagens) a generalidade dos portuguses continua a apoiar não necessitam de ser feitas contra as pessoas mas com elas.
    Se por alguma razão de puro corporativismo ou ignorância não for possivel chegar a acordo com sindicatos ou qualquer outra estrutura, então que se faça contra... mas is para os jornais antes de ter dados concretos para apresentar e antes de se saber que rumo dar a determinados sectores, parece-me um bocado parvo.

    By Blogger José Raposo, at 8 de agosto de 2006 às 14:15  

Enviar um comentário

<< Home