Ao ouvir um anúncio na rádio
Em círculos incertos e imperfeitos, tu surges-me sempre, inevitável e seguramente, todos os dias - pelo menos uma vez de oito em oito horas, como convém tomar-te por ti – por mais que eu queira não querer mas, simultaneamente, por mais que eu deseje a tortura de te relembrar; e não a queira também.
Surges nas mais diversas formas: desde a de uma canção que – pelo menos eu acho… - ainda hoje nos guarda, passando pela pele de uma estranha qualquer (que és tu mas afinal não és) que, num andar ondulado, se vai perdendo por entre fumos e multidões numa teia de ruas sujas, até mesmo quando, às cavalitas de uma qualquer bebida estampada num placard anunciando a vinda de Cristo, insinuas um corpo desnudo, embebido do teu sorriso que, de tão provocantemente naif, vive, apenas e só, da sede que em teus seios derrama - teus seios, espelhos de ti, que apenas partilharás nas nuits fauves a que darás vida com a tua e tão própria morte dos dias.
(… E depois, todas as horas, minutos, momentos, sigo – sempre – a direcção do teu olhar enquanto, lenta e saborosamente, ele me vai cegando e conduzindo às imagens, sons, cheiros de ti, até que um qualquer fim, que nem sei imaginar, te transcenda. Mas o que realmente importa é a verdade que eu não conto a ninguém – fica o nosso segredo; é que, magicamente e em todos os fins de tarde dos teus dias de aniversário, eu sei que conduzes o próprio Sol do horizonte de todas praias a todas as luas que te esperam, sequiosas de ti.)
Sabes uma coisa estúpida? Teu nome soa sempre melhor quando gritado - pelo uma vez de oito em oito segundos, como convém tomar-te por ti - ao ritmo de um anúncio de rádio.
Surges nas mais diversas formas: desde a de uma canção que – pelo menos eu acho… - ainda hoje nos guarda, passando pela pele de uma estranha qualquer (que és tu mas afinal não és) que, num andar ondulado, se vai perdendo por entre fumos e multidões numa teia de ruas sujas, até mesmo quando, às cavalitas de uma qualquer bebida estampada num placard anunciando a vinda de Cristo, insinuas um corpo desnudo, embebido do teu sorriso que, de tão provocantemente naif, vive, apenas e só, da sede que em teus seios derrama - teus seios, espelhos de ti, que apenas partilharás nas nuits fauves a que darás vida com a tua e tão própria morte dos dias.
(… E depois, todas as horas, minutos, momentos, sigo – sempre – a direcção do teu olhar enquanto, lenta e saborosamente, ele me vai cegando e conduzindo às imagens, sons, cheiros de ti, até que um qualquer fim, que nem sei imaginar, te transcenda. Mas o que realmente importa é a verdade que eu não conto a ninguém – fica o nosso segredo; é que, magicamente e em todos os fins de tarde dos teus dias de aniversário, eu sei que conduzes o próprio Sol do horizonte de todas praias a todas as luas que te esperam, sequiosas de ti.)
Sabes uma coisa estúpida? Teu nome soa sempre melhor quando gritado - pelo uma vez de oito em oito segundos, como convém tomar-te por ti - ao ritmo de um anúncio de rádio.
Etiquetas: conto/crónica
1 Commenários:
Vunito. Assim como vunitas são as paixões que não se vivem até ao fim, porquanto não se estragam! :-)
By APC, at 11 de novembro de 2010 às 21:39
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