Dia do Trabalhador
Pensei tirar férias de mim. Morrer por uns meses. Desertar um pouco. Pelo menos.
Depois pensei mudar de nome, de tempo, de vontades. Enfim…
Fugir.
Sentei-me à beira do penhasco, ouvindo as aves e as vontades, lembrando-me do que – julgo que – fui, imaginando o que poderia ter sido, o que poderia – se calhar e com uma sorte do catano – vir a ser. Mas
Agora – pim! – passava a ser um tempo chamado Artur. Pim.
De quem passaria a ser amigo? Não sei. De quem me aproximaria? Não sei. Quem, afinal, teria sido? Muito menos. Mas
Não era eu!
(Uf…)
Estava farto de mim, de me aturar, das recônditas voltas dentro da minha cabeça que a realidade dava, qual carrossel absurdo e repetitivo
(pior ainda, sem graça nenhuma!)
Que me ecoava na
Quando de manhã acordei, o meu cão lambeu-me o nome no nariz. Ressacado como estava, achei que o mau hálito era dele. Enganei-me.
Depois tirei férias de mim.
Parti.
(Morri ou nasci?)
1 Commenários:
Surdo, Subterrâneo Rio
Surdo, subterrâneo rio de palavras
me corre lento pelo corpo todo;
amor sem margens onde a lua rompe
e nimba de luar o próprio lodo.
Correr do tempo ou só rumor do frio
onde o amor se perde e a razão de amar
--- surdo, subterrâneo, impiedoso rio,
para onde vais, sem eu poder ficar?
Eugénio de Andrade
P.S. Apeteceu me
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Anónimo, at 1 de maio de 2012 às 12:02
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