CUOTIDIANO

sábado, junho 16, 2012

Ecos da tequilla


Saídos do Mexicano, na beira luz espelhada do Tejo, sentámo-nos na areia, apertámos as mãos e nada dissemos. Esperámos. O quê não sei. Mais margaridas? Talvez. Ou talvez e apenas as quiséssemos, já que eram elas que, na altura, nos floreavam as palavras, enquanto nos íamos querendo mais e mais e mais ainda, enquanto apenas as palavras nos afastavam dos recíprocos corpos, reciprocamente desejosos, sedentamente tequillados. Apenas sei que esperei por ti, que esperaste por mim, que nos esperámos no combro da saudade, por entre as tequilas feitas de madrugada.


Até que, hoje, nos reencontrámos aqui. No ponto certo, no momento certo, à beira rio, à beira nós, de novo à beira luz que sempre espalhaste. Olhámos o Tejo. De novo. De novo de mãos dadas. Paciente e vagarosamente. Em sabores.


Quando a tequila tomou conta do momento, calámo-nos. Então, e sem darmos por nada - nem por nós -, a cada beijo bebemo-nos, a cada abraço embriagámo-nos de corpos, e depois e depois e depois, a cada golo de ti eu achei que não morreria nunca, que aquele momento era o perfeito amuleto contra a morte, que aquele perfeito instante era o momento em que a vida se embriagava de morte, renegando-a para sempre. E sobrávamos nós e nós e nós. E para sempre nos eternizaríamos, nem que fosse apenas nos imaculados reflexos do luar no Tejo.





No dia seguinte fui à Loja de Conveniência e comprei uma garrafa de tequila. Cheguei a casa, dei um golo. Soube-me mal. Faltavas-me, talvez.


(Confesso, aliás, que depois de tudo o que passámos a vida me sabe mal.)


Mas será que?...




(Faltas-me)


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