CUOTIDIANO

segunda-feira, agosto 28, 2006

Coisas fantásticas que fui aprendendo ao longo das minhas férias só lendo os jornais e abrindo os olhos de vez em quando

- Ainda existem aldeamentos (estúpida e infelizmente caros) no Algarve em que não se consegue ter uma ligação à “Internet”;
- George Bush leu um livro;
- Por causa deste último inédito e extraordinário acontecimento, e perante a incredulidade do mundo inteiro, a Casa Branca emitiu um comunicado garantindo que tal era verdade (o que me fez começar a duvidar da veracidade da história);
- Para não perder a prática, Israel e o Hezbollah continuam a matar-se durante o cessar-fogo;
- Parece que Fidel Castro é mortal;
- Também parece que, caso Fidel estivesse verdadeiramente vivo, mandaria assassinar Hugo Chávez por “excesso de sombra”;
- Houve jogos de futebol em que uns ganharam e os outros também, apesar de ninguém ter entrado em campo;
- Este ano, e apesar das temperaturas mais elevadas, está a haver bastante menos área ardida do que no ano passado (será que o Governo andou bem neste campo, nomeadamente na prevenção?);
- José Saramago acha que Günter Grass fez muito bem em ter pertencido às SS nazis e só o ter dito agora;
- Alberto João Jardim consegue dizer “bom dia” (é claro que, a seguir, lá vem o habitual chorrilho de disparates, mas que se lixe, já é um passo em direcção à espécie humana...);
- Só após 32 anos de democracia é que saiu uma lei que obriga a que todos os gastos dos hospitais públicos tenham a ver com o tratamento de doentes (é mesmo fantástico como se demora dezenas de anos a perceber que os hospitais são para tratar os doentes...). Em todo o caso, ainda quero ver qual será a desculpa que os administradores hospitalares irão dar para justificar a compra dos seus auto-presentes de Natal, nomeadamente os “BMW” novos;
- Existem postos de turismo, em Portugal, em que as meninas que atendem o povo não sabem falar português (se calhar é uma evolução, afinal nem todas as ucranianas são prostitutas ou mulheres da limpeza);
- Plutão foi despromovido da categoria de “planeta”, sendo que a consequência mais importante disso é que as criancinhas ficam com menos uma coisa para decorar – só espero que um dia os cientistas não me desiludam dizendo que, afinal, as nuvens já não se dividem em “cirros, cúmulos, estratos e nimbos”, conforme aprendi na instrução primária, e que passou a haver, apenas, “coelhinhos, ursinhos e leõezinhos”. Já agora, com a falta de vida inteligente que há neste planeta (como o provam algumas das descobertas anteriores), não percebo como é que não foi a Terra que “desceu à segunda divisão”;
- A propósito, fiquei a saber que a nova definição de “planeta” é (vou citar de cor) “corpo celeste de forma arredondada, com órbita própria, não sendo uma estrela, tendo o seu próprio espaço gravitacional e podendo (ou não) ter satélites”. Como eu tenho (actualmente, a dieta começa hoje, depois das férias) uma forma arredondada, a minha órbita é constante e regular (casa-escritório e escritório-casa), não sou uma estrela (isso é óbvio para todos excepto para o meu cão e esse ainda não tem idade para votar) e à minha volta gravitam satélites que não consigo enxotar, nomeadamente o TNT 123 (ou “ex-mulher-a-sugar-dinheiro”) e o IRS 365 (ou “12º-Bairro-Fiscal-em-estado-de-sofreguidão”), espero ser, a breve trecho, considerado um planeta;
- Segundo um cientista inglês, existem vacas com sotaque. O que é fantástico nesta descoberta não é a descoberta em si mesma, mas o que ela peca por tardia – mas será que não há um único cientista no Algarve?;
- Uma associação gay dos EUA protestou pelo facto de, nas cerca de três centenas de séries televisivas analisadas este ano, só haver nove personagens homossexuais, contrariamente às dez que havia no ano anterior, o que não respeitaria o princípio da representatividade. Agora pergunto eu – havendo, também, uma percentagem de obesos de 30%, 8% de carecas, 12% de gajos bastante baixos, 10% de canhotos, 7% de fulanos que abanam a pila para a esquerda depois de mijar, 17% de pessoas que detestam televisão e 45% de mulheres, e supondo que temos, por exemplo, uma série policial com uma equipa de cinco detectives, como é que eles teriam de ser, por forma a respeitar o tal princípio politicamente correcto? Um seria anão e homossexual, outro de estatura mediana, ambidestro e quase careca, um outro bissexual obeso, uma mulher que abana a pila para o lado esquerdo depois de mijar e outra que se recusa a ser filmada para a série porque detesta televisão? E se houver, também, um cão-polícia (tipo “Sex, o cão-sevícia”), não será discriminação dos gatos?
- Tom e Jerry foram impedidos de fumar. Haver restrições em relação aos humanos ainda vá que não vá (apesar de alguns fundamentalismos absurdos) mas... os desenhos animados? (será que existe uma Clínica Betty Ford para ‘cartoons’?) Nos que forem criados a partir de agora até aceito, mas censura retroactiva? Curiosamente, o Lucky Luke também deixou de usar a sua beata ao canto da boca para passar a chupar uma palhinha – não me parece boa ideia, já que dá azo à piada facil de que, agora, em vez de apagar cigarros passou a abafar palhinhas (piada, de facto, foleirota...). Em todo o caso, só espero que este espírito censório não atinja o “Casablanca”;
- A propósito de tabaco, também aprendi com um cartaz à beira-praia que uma pastilha elástica demora cinco anos a ser reciclada pela Natureza e a beata de um cigarro apenas dois. Assim, a partir de agora, sempre que uma criancinha lhe pedir uma pastilha elástica dê-lhe, antes, dois cigarros – a Natureza agradece a poupança de um ano de trabalho. Claro que isto tudo pressupõe que a criancinha não é um desenho animado pois, aí, não poderá fumar - o fumo poderia provocar-lhe um cancro nas cores;
- As férias são sempre curtas e começam a ser verdadeiramente angustiantes a partir de metade (esta já sabia, não descobri agora - foi só para partilhar o desabafo). Pior ainda quando se começa a fazer contas e se divide 15 por 365.

4 Commenários:

  • Que bom que voltaste :)
    Sim é uma chatice férias terminarem (as minhas também) Mas senti a tua falta e agora já posso vir aqui e ler alguma coisa nova...

    Um beijinho do Porto (apesar de não ser portuense, mas - segredo que apenas revelo aqui - meio moura)

    By Blogger redonda, at 28 de agosto de 2006 às 21:23  

  • Os regressos são sempre bons, especialmente quando abrindo ocasionalmente os olhos se consegue manter esta actualidade... Afinal não se passou quase nada que não possa ser facilmente resumido :)

    By Blogger José Raposo, at 29 de agosto de 2006 às 18:30  

  • Confesso que os meus neurónios da parte do cérebro que gosta de rir já sentiam algumas saudades dos pedações de cuotidiano aqui lançados...

    Bom regresso e que a transição não seja muito dolorosa!

    By Blogger Nuno Guronsan, at 29 de agosto de 2006 às 19:56  

  • Absolutamente fantástico!!!:-)))

    PS - Só há 45% de mulheres? Onde?

    By Blogger APC, at 31 de agosto de 2006 às 02:43  

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