CUOTIDIANO

quinta-feira, outubro 19, 2006

Conceptualizando

Ela vive com um conceito. Gosta dele de tal forma que, sempre que se encontra com suas amigas, passa o tempo todo a gabá-lo; diz, por exemplo, que é “um bom conceito, um pouco intelectual mas, simultaneamente (risadas), bastante físico”. Quando uma vez, ao terceiro copo - a altura em que as pessoas começam a sentir o cérebro a dilatar, levando-as a concluir que ficaram mais inteligentes - lhe contrapuseram se esse conceito não teria bases infundadas, ela respondeu que “a única chatice é que tem a mania de entrar na casa-de-banho quando eu já lá estou”. E aí arrumou a questão.

Antes de o conhecer, vivia com um preconceito que cheirava a cavalo medieval acabadinho de exumar – por isso (e não só, mas principalmente) o tinha abandonado. Andava ela, depois disso, ainda numa fase a dar para o “arrastado”, quando surgiu, quase do nada, aquele belo conceito - ideias fixas, aspecto atraente. De imediato pensou: “É com este conceito que quero passar o resto dos meus dias”.

E assim foi - pelo menos até agora.

(Como é que eu sei isto tudo? Porque anteontem à noite fizemos uma saída de casais – ela com o seu conceito e eu com a minha parábola).

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