CUOTIDIANO

quarta-feira, outubro 18, 2006

Nobel da Paz – um sinal de viragem?

O Nobel da Paz foi atribuído ao economista Muhammad Yunus, do Bangladesh, e ao seu banco Grameen, pelo esforços na criação de desenvolvimento económico e social através de projectos de microcrédito.

Segundo o seu criador, o microcrédito consiste em “conceder empréstimos de valor muito reduzido a pessoas que não teriam acesso à banca tradicional, para que possam lançar os seus próprios negócios”. Ressalta ainda Yunus que “o direito ao crédito é um direito humano básico”.

O que este processo tem de realmente inovador é que rompe o ciclo de pobreza, permitindo aos mais pobres “renascerem” a partir de um empréstimo reduzido que lhes possibilita, por exemplo, montar o seu próprio pequeno negócio, sendo que essa ajuda a banca tradicional - que normalmente só empresta cem a quem tem duzentos - nunca lhes concederia.

Terminando com as palavras do novo Nobel da Paz, “eu tenho um sonho: que o Banco Grameen venha a ser não o banco dos pobres mas sim dos ex-pobres” e que, também consequência disso, “em 2050 se tenha um mundo sem pobreza”.


PS - Infelizmente, até 2050, muitos milhões morrerão devido a causas próximas como doenças e sub-nutrição - na realidade, consequência da pobreza extrema a que os países mais ricos vetaram e continuam, efectivamente, a vetar os mais pobres.

8 Commenários:

  • Finalmente alguém comenta esta situação. Mas a mim o que realmente me deixou confuso e até triste, foi o facto de o prémio Nobel da Paz ter sido atribuído a um bancário e economista.
    Sendo o dinheiro a principal causa de guerrras, fome, doença etc. (der por onde der, a causa é sempre esta) como é possivel este prestigiado prémio ter sido atribuído a um economista? Por melhores que sejam as intenções deste senhor (e eu nao dúvido que sejam as melhores), as suas acções não deixam de fumentar a economia, que por sua vez geram guerras, fome, miséria... Além de que daqui a uns anos vamos deixar de ter pobres para ter pessoas agarradas a prestações para o resto da vida, exactamente o que se passa aqui no Ocidente.

    By Anonymous Anónimo, at 18 de outubro de 2006 às 10:26  

  • O que ele está a desenvolver é a integração dos mais pobres na sociedade, através de uma "segunda oportunidade". Para além disso não tem apenas "boas intenções" - actua e, com a sua actuação, ajuda provavelmente muito mais que, por exemplo, muitas caridosas distribuições de comida. É como o tal ditado que diz mais ou menos isto: "se deres um peixe a alguém com fome, resolves-lhe o problema desse dia; se o ensinares a pescar, tiras-lhe a fome para sempre"

    Já agora, "esse senhor" não fomenta a guerra - pelo contrário, se calhar evita-a. Se formos ver, mesmo a exemplos recentes, a fome e as dificuldades é que fomentam o fundamentalismo e a guerra - veja-se a Palestina,o Iraque...

    Ao que julgo saber também, as prestações nem sequer têm juro ou tal é perfeitamente insignificante, não tem nada a ver com os "Cofidis" e quejandos, que levam juros de 28%!

    Finalmente, caro comentador, é minha opinião que o futuro, em consequência desta acção, não será assim negro - Ao invés, a situação actual (fome, miséria, doenças, sub-nutrição...) é que tem de ser combatida; se alguém iniciou uma nova metodologia e se isso começa a dar resultados, acho que é de nos congratularmos.

    Cumprimentos.

    By Blogger cuotidiano, at 18 de outubro de 2006 às 11:02  

  • Caro Cuotidiano.

    Não sendo economista, acho pertinente dar uma achega no tema que V. Exªs acharam por bem dar ao prelo e à polémica.

    A Lei 46/2006 de 28 de Agosto, na esteira do entendimento constitucional e, pelos vistos universal, de que o acesso ao crédito é um Direito do Homem, vem proibir a discriminação em razão da deficiência e da existência de risco agravado de saúde.

    Não só por motivos económicos, falta de recursos para pagamento, bens penhoráveis ou existência de fiadores, que garantam o pagamento em caso de incumprimento,o crédito tem sido negado pelas diversas instituições financeiras que «vendem» dinheiro.

    Também a recusa ou condicionamento do empréstimo bancário para compra de habitação, até à entrada em vigor da aludida lei, era prática corrente dos bancos que, impunemente, separavam o trigo do joio, os bons e os maus clientes.

    É certo que o novo regime legal prevê contra-ordenações contra os prevaricadores da lei, mas todos nós sabemos que há formas ardilosas de contornar a exigência: aumentando os prémios de seguros, exigindo fiadores com requisitos especiais, aplicando um spread mais elevado, tudo artifícios que as entidades financeiras não hesitarão usar para defender a sua única razão de existência: fazer o milagre da multiplicação.

    Quem sonha vislumbrar num sistema capitalista tout court, como é o nosso, alguma preocupação de cariz social ou humanitário, ainda acredita no Pai Natal e vai-se...foder!

    Um abraço

    Jorge Rebelo El Madrigal (jurista em horas vagas)

    By Anonymous Anónimo, at 18 de outubro de 2006 às 14:31  

  • A consciencia do ser humano evolui, as bases do sistema economico (e não só) continuam as mesmas com 3000++ (sei lá!) anos de existência e alguns 'upgrades' pelo caminho. Upgrades esses que não resolveram problemas nenhuns, apenas os adiaram.

    Os problemas da integração dos mais pobres na sociedade, o fim da fome e da guerra não será resolvido com mais 1 'upgrade' no sistema economico, são 3000++ (sei lá!) anos de provas disso. O meu ponto de vista é que este prémio Nobel da Paz foi mal atribuído, porque a economia não gera paz, apenas problemas, guerras, fome, e um descalabre de merda em cadeia...

    Um abraço a todos,
    Adolf Castro Salazar Pyongyang Jr. (O amiguinho de Bush)

    By Anonymous Anónimo, at 18 de outubro de 2006 às 17:51  

  • "a economia não gera paz".
    Francamente não entendo a frase. No entanto, se se está a referir ao sistema económico, qual deles - o capitalista "puro e duro" que, pelos vistos, defende, ao intitular-se "amiguinho do Bush"?

    Supondo que se está a referir ao sistema económico, a minha opinião pessoal é de que prefiro um sistema social-democrata, à semelhança dos do norte da Europa -É que, como bem sabe, essa "economia" gerou bem-estar, paz e fome zero!

    Respeito a sua opinião mas esta é a minha.

    Cumprimentos

    By Blogger cuotidiano, at 18 de outubro de 2006 às 19:42  

  • É o que dá fugir ao registo cómico, Cuotidiano. ;)

    Escrever sobre assuntos relacionados com política, religião e futebol, dá sempre pano para mangas. E os comentários tendem a extrapolar, e muito, o post que lhes deu origem.

    Desta vez concordo contigo. ;)

    By Blogger Patrícia, at 19 de outubro de 2006 às 15:24  

  • Talvez para si, sr. Adolf amigo do Bush e primo do Hitler, mas para a maior parte das pessoas (nomeadamnte para as em causa neste "post") é mais uma tragédia!

    By Anonymous Anónimo, at 25 de outubro de 2006 às 11:24  

  • Quem omeçou os comentários e muito a sério (aconselho-o a reler o seu primeiro comentário) foi V. Ex.ª, o amigo do macaco - agora não se queixe

    By Anonymous Anónimo, at 26 de outubro de 2006 às 17:59  

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