Já agora, um beijo
Às vezes contento-me em ficar parado. Sim, parado, parado, apenas... parado, pronto, não há outro termo.
Depois descontento-me. Penso em ti, no cheiro da manhã a raiar, nos barcos (a partir? a chegar?) e sento-me, outra vez, sempre outra vez, a teu lado, sempre longe de ti. Engraçado – do mesmo modo que as palavras nos juntaram, também as palavras nos afastaram. “Qual é a graça?”, pergunta o meu eu nº 453.
Depois contento-me outra vez – penso em ti, esqueço as noites, olho de frente as manhãs, escorro desejos como suores temperados, respirações, gestos – pensando em ti, melhor, repisando-te, escorrendo e suando, suando teu nome pelas entranhas, para além, muito para além das veias e dos segredos e dos medos e das ameias. Divino foi o tempo dos temporais que não houve, intemporais foram os deuses que nem sequer criámos. Palavras, palavras, sempre as palavras e os solstícios, e os desejos equinociais – mas nós não quisemos mais, quisemos palavras, lembras-te? (Talvez por isso sobraram os corpos).
Depois descontento-me – é que, de repente, vi o meu reflexo na janela. Horrorizei-me, sim, horrorizei-me (estarei assim tão velho?). Depois olhei melhor. Vi o reflexo da noite em estrelas cadentes, carentes de ti. Foi quando, outra vez, mais uma vez e na vez anterior à próxima vez, te esperei (sem nada esperar de ti, nem sequer deste tempo a contragosto, a contratempo).
Depois contento-me. Sim, eu sei, da minha varanda não vi a lua reflectida em teu olhar – provavelmente é porque está aí em baixo, à espreita, à espera que a noite traga notícias de nós (ou será porque eu não tenho varanda?). E nós que já morremos tanto e tão pouco pelas veias feitas vielas da tua cidade, nas ruas que se disfarçam de avenidas e de luzes na minha cidade, nas estátuas que se escondem dos medos, nas sarjetas da noite, outra vez, sempre, da noite para sempre... – sabes, hoje é tão triste e difícil dizer “hoje” ou, sequer, ver a lua esboçando sorrisos, nem que seja através das nuvens onde nos encontrávamos no tempo em que o nosso tempo existia...
Não sei como me sinto, confesso, se é que ainda consigo sentir o que quer que seja. Sei que sobejam imagens, dores, sonhos, barcos - e a ria, tão formosa de tão tua...
Ah, é verdade, e as palavras. Sempre as palavras. As palavras para sempre.
Já agora, um beijo (meu Amor).
Depois descontento-me. Penso em ti, no cheiro da manhã a raiar, nos barcos (a partir? a chegar?) e sento-me, outra vez, sempre outra vez, a teu lado, sempre longe de ti. Engraçado – do mesmo modo que as palavras nos juntaram, também as palavras nos afastaram. “Qual é a graça?”, pergunta o meu eu nº 453.
Depois contento-me outra vez – penso em ti, esqueço as noites, olho de frente as manhãs, escorro desejos como suores temperados, respirações, gestos – pensando em ti, melhor, repisando-te, escorrendo e suando, suando teu nome pelas entranhas, para além, muito para além das veias e dos segredos e dos medos e das ameias. Divino foi o tempo dos temporais que não houve, intemporais foram os deuses que nem sequer criámos. Palavras, palavras, sempre as palavras e os solstícios, e os desejos equinociais – mas nós não quisemos mais, quisemos palavras, lembras-te? (Talvez por isso sobraram os corpos).
Depois descontento-me – é que, de repente, vi o meu reflexo na janela. Horrorizei-me, sim, horrorizei-me (estarei assim tão velho?). Depois olhei melhor. Vi o reflexo da noite em estrelas cadentes, carentes de ti. Foi quando, outra vez, mais uma vez e na vez anterior à próxima vez, te esperei (sem nada esperar de ti, nem sequer deste tempo a contragosto, a contratempo).
Depois contento-me. Sim, eu sei, da minha varanda não vi a lua reflectida em teu olhar – provavelmente é porque está aí em baixo, à espreita, à espera que a noite traga notícias de nós (ou será porque eu não tenho varanda?). E nós que já morremos tanto e tão pouco pelas veias feitas vielas da tua cidade, nas ruas que se disfarçam de avenidas e de luzes na minha cidade, nas estátuas que se escondem dos medos, nas sarjetas da noite, outra vez, sempre, da noite para sempre... – sabes, hoje é tão triste e difícil dizer “hoje” ou, sequer, ver a lua esboçando sorrisos, nem que seja através das nuvens onde nos encontrávamos no tempo em que o nosso tempo existia...
Não sei como me sinto, confesso, se é que ainda consigo sentir o que quer que seja. Sei que sobejam imagens, dores, sonhos, barcos - e a ria, tão formosa de tão tua...
Ah, é verdade, e as palavras. Sempre as palavras. As palavras para sempre.
Já agora, um beijo (meu Amor).
4 Commenários:
É cuomum o cuoração cuobrir-nos de cuonspirações amorosas.
;-)
Beijos cuotidianos
By AnaGarrett, at 28 de novembro de 2006 às 01:25
E já agora...
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Um Beijo, para ti também
(as lobotomias fazem milagres e eu não consigo ser pior do que aquilo que já Sou... onde é que nós íamos?...ah...as Palavras...)
E já agora... um beijo (outro)
By Anónimo, at 28 de novembro de 2006 às 03:07
Estou a ler-te...
By APC, at 29 de novembro de 2006 às 05:13
Ainda te estou a ler...
:-)
(Gosto muito-muito, tu sabes!;-)
By APC, at 2 de dezembro de 2006 às 22:33
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