Socorro! – Os génios do Ministério estão a matar a Língua Portuguesa (e as crianças são os danos colaterais) – A TLEBS já anda à solta!
A TLEBS (Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário) vem aí! Cuidado! Já houve uma experiência-piloto de que não se falou muito para não dar nas vistas e, segundo a opinião dos Génios do Ministério da Educação Raivosos Das Alterações (GMERDA), correu bem - provavelmente o mesmo que a própria Administração Bush terá achado da invasão norte-americana do Iraque. Adiante.
De facto, a TLEBS já aí anda à solta E é pior que uma doença infecto-contagiosa, pois afastará as crianças da leitura, corroer-lhes-á os cérebros e, como uma epidemia, propagar-se-á via professores (que, espero, comecem a pensar fazer greve por uma causa justa, a erradicação da TLEBS!).
Mas para quem ainda não “folheou” a TLEBS, aqui vão alguns exemplos, retirados do site do Ministério em “http://www.dgidc.min-edu.pt/TLEBS/Publicacoes/AltDestProTLEBS.pdf”
1 . Os nomes
Os bons e velhos “substantivos”, que já tinham sido substituídos por “nomes” (provavelmente por terem atingido o limite de idade), continuam a chamar-se “nomes” mas, agora, “bem mais divididinhos”, ou seja:
Nomes – Próprios, comuns ou colectivos.
Por sua vez, são divididos em:
Nomes próprios - humanos/não humanos e animados/não animados;
Nomes comuns - concretos/abstractos, contáveis/não contáveis, humanos/não humanos e animados/não animados.
Em relação aos “colectivos”, é “explicado” no documento que “se enquadram na subclasse dos nomes comuns, pelo que se lhes aplica a distinção humano/não humano e animado/não animado”. Então, mas... se estavam enquadrados nos “comuns”, têm as subclasses não destes mas dos “próprios”? Mais uma para a minha incompreensão... Para isto ficar mais animado, a seguir é dito que também há o “nome não contável massivo” e o “nome não contável não massivo” - mas isso é desenvolvido muito mais para a frente no documento e, confesso, não aguentei tanto sofrimento junto. Mas dando uns exemplos, para isto ficar mais “giro”:
Portugal – próprio, não humano e não animado;
Aluno – comum, concreto, contável, humano e animado.
(Já agora, será que o Ministério acha mesmo que os alunos são comummente concretos? Conseguirão os GMERDA contar, sequer, até 10? Acharão eles que os alunos são humanos ? E depois da TLEBS, ainda ficarão animados?)
Divertido, não? Mas melhor ainda é a abolição do sexo – Sim, dantes havia “masculino” e feminino” na divisão do “género”. Agora não – no entanto, torna-se muito mais fácil agora, porque os nomes podem ser, quanto ao género, “epicenos”, “sobrecomuns” e “comuns de dois”. Baralhados? Eu dou um exemplo de cada tipo (por ordem, claro, que eu não estou aqui para enganar ninguém!) – “águia”, “criança” e “artista”. Não é muito mais fácil agora do que essa coisa complicadíssima e retrógrada de “masculino” e “feminino”?
2. Composição de palavras
Dentro da formação de palavras, eram considerados diversos processos, nomeadamente “composição”, “derivação”, “hibridismo”... mas concentremo-nos num só tipo, a composição e, no caso, por justaposição (por exemplo, “bem-vindo”) Ora bem; é novamente muito mais divertido o que os GMERDA propõem no sempre lúdico "espaço TLEBS". Senão vejamos (exemplos retirados do atrás referido site):
“Luso-africano” – palavra composta por justaposição? Não! “Composto morfológico coordenado”. Giro, giro, era alguém chamar isto ao Mantorras, tipo: “Ó luso-africano és mas é um grande composto morfológico coordenado!”. Claro que a resposta seria ainda mais divertida, mas o “Cuotidiano” é um espaço de inducação!
“Guarda-redes” – palavra composta por justaposição? Não! “Composto morfo-sintáctico (estrutura de reanálise)” – Ricardo, olha no que te tornaste...
“Peixe–espada” - palavra composta por justaposição? Não! “Composto morfo-sintáctico subordinado”.
“Surdo-mudo” - palavra composta por justaposição? Não! “Composto morfo-sintáctico coordenado”.
Estou? Ainda estão acordados? Mas deixem-me dar só mais um curto exemplo das magníficas benfeitorias "TLEBSianas".
3. Complementos circunstanciais
Morreram. Kaput. The end. Acabaram. Mas nem tudo é mau – foram substituídos por coisas muitíssimo mais simples e intuitivas como por exemplo os “complementos proposicionais e adverbiais”, os “modificadores preposicionais e adverbiais do grupo verbal” e os “modificadores adverbiais de frase”. Fixe!
“...As crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…”
Augusto Gil, o profeta
De facto, a TLEBS já aí anda à solta E é pior que uma doença infecto-contagiosa, pois afastará as crianças da leitura, corroer-lhes-á os cérebros e, como uma epidemia, propagar-se-á via professores (que, espero, comecem a pensar fazer greve por uma causa justa, a erradicação da TLEBS!).
Mas para quem ainda não “folheou” a TLEBS, aqui vão alguns exemplos, retirados do site do Ministério em “http://www.dgidc.min-edu.pt/TLEBS/Publicacoes/AltDestProTLEBS.pdf”
1 . Os nomes
Os bons e velhos “substantivos”, que já tinham sido substituídos por “nomes” (provavelmente por terem atingido o limite de idade), continuam a chamar-se “nomes” mas, agora, “bem mais divididinhos”, ou seja:
Nomes – Próprios, comuns ou colectivos.
Por sua vez, são divididos em:
Nomes próprios - humanos/não humanos e animados/não animados;
Nomes comuns - concretos/abstractos, contáveis/não contáveis, humanos/não humanos e animados/não animados.
Em relação aos “colectivos”, é “explicado” no documento que “se enquadram na subclasse dos nomes comuns, pelo que se lhes aplica a distinção humano/não humano e animado/não animado”. Então, mas... se estavam enquadrados nos “comuns”, têm as subclasses não destes mas dos “próprios”? Mais uma para a minha incompreensão... Para isto ficar mais animado, a seguir é dito que também há o “nome não contável massivo” e o “nome não contável não massivo” - mas isso é desenvolvido muito mais para a frente no documento e, confesso, não aguentei tanto sofrimento junto. Mas dando uns exemplos, para isto ficar mais “giro”:
Portugal – próprio, não humano e não animado;
Aluno – comum, concreto, contável, humano e animado.
(Já agora, será que o Ministério acha mesmo que os alunos são comummente concretos? Conseguirão os GMERDA contar, sequer, até 10? Acharão eles que os alunos são humanos ? E depois da TLEBS, ainda ficarão animados?)
Divertido, não? Mas melhor ainda é a abolição do sexo – Sim, dantes havia “masculino” e feminino” na divisão do “género”. Agora não – no entanto, torna-se muito mais fácil agora, porque os nomes podem ser, quanto ao género, “epicenos”, “sobrecomuns” e “comuns de dois”. Baralhados? Eu dou um exemplo de cada tipo (por ordem, claro, que eu não estou aqui para enganar ninguém!) – “águia”, “criança” e “artista”. Não é muito mais fácil agora do que essa coisa complicadíssima e retrógrada de “masculino” e “feminino”?
2. Composição de palavras
Dentro da formação de palavras, eram considerados diversos processos, nomeadamente “composição”, “derivação”, “hibridismo”... mas concentremo-nos num só tipo, a composição e, no caso, por justaposição (por exemplo, “bem-vindo”) Ora bem; é novamente muito mais divertido o que os GMERDA propõem no sempre lúdico "espaço TLEBS". Senão vejamos (exemplos retirados do atrás referido site):
“Luso-africano” – palavra composta por justaposição? Não! “Composto morfológico coordenado”. Giro, giro, era alguém chamar isto ao Mantorras, tipo: “Ó luso-africano és mas é um grande composto morfológico coordenado!”. Claro que a resposta seria ainda mais divertida, mas o “Cuotidiano” é um espaço de inducação!
“Guarda-redes” – palavra composta por justaposição? Não! “Composto morfo-sintáctico (estrutura de reanálise)” – Ricardo, olha no que te tornaste...
“Peixe–espada” - palavra composta por justaposição? Não! “Composto morfo-sintáctico subordinado”.
“Surdo-mudo” - palavra composta por justaposição? Não! “Composto morfo-sintáctico coordenado”.
Estou? Ainda estão acordados? Mas deixem-me dar só mais um curto exemplo das magníficas benfeitorias "TLEBSianas".
3. Complementos circunstanciais
Morreram. Kaput. The end. Acabaram. Mas nem tudo é mau – foram substituídos por coisas muitíssimo mais simples e intuitivas como por exemplo os “complementos proposicionais e adverbiais”, os “modificadores preposicionais e adverbiais do grupo verbal” e os “modificadores adverbiais de frase”. Fixe!
“...As crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!…
Porque padecem assim?!…”
Augusto Gil, o profeta
4 Commenários:
Absolutely gorgeous!
E bien aussi le grand final! :-)
Agora que se aproxima o Nataluxo, achas que te poderei pedir, como prenda, que o publiques no jornal, para sermos muitos a ler-te?
Vá lá, vá lá, vá lá...! :-)
By APC, at 11 de novembro de 2006 às 21:27
Cá para mim parece-me que há gente no ministério que das duas uma:
ou não tem nada que fazer e então põe-se a inventar;
ou como as antigas gramáticas não vendiam tanto como o desejável, nada melhor do que mudar tudo para publicar novas gramáticas e assim ganhar mais uns cobres....
Isto até daria para rir se não fosse trágico.
By Tozé Franco, at 12 de novembro de 2006 às 19:46
Tardei, mas não falharia, até porque nunca passo muito tempo sem cá vir. Já tinha noção de algumas das alterações. O pessoal que trabalha no ministério da educação (e noutros) te sempre a visão absolutamente deturpada do que se passa no mundo real. Antes de assumir esse tipo de cargos, os senhores doutores deviam ser obrigados a trabalhar o terreno durante, pelo menos, dois anos. Aposto que veriam tudo com outros olhos.
Escusado será dizer que os professores de português terão de passar por looooooooooooongas sessões de formação cista à formatação da gramática cerebral... É completamente ridículo...
Que mais poderão eles complicar??
By Patrícia, at 13 de novembro de 2006 às 16:03
Obrigada pelo esclarecimento que faltava e agora que fiquei finalmente esclarecida vou sair por aí a utilizar os "composto morfo-sintáctico" e os “complementos proposicionais e adverbiais” e... estou mesmo feliz com a perspectiva.
By redonda, at 16 de novembro de 2006 às 00:52
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