Banzão (para o MEC, que nunca me lerá)
Eu sei que morres a cada instante
em que a vês morrer. E finges que nada acontece, e finges que amanhã tudo estará
melhor - pela simples razão que acreditas, mesmo não acreditando. Mas sabes que
isso lhe fará bem – e todos sabemos como o lado psicológico é benéfico, talvez às
vezes fodido - como o Amor. Normalmente benéfico. Como o Amor.
Sei que, com ela – a Amada -, percorres
os dias, as noites, os restaurantes, as douradas grelhadas, como se fossem as
primeiras, apesar de suspirares e rezares sem rezas algumas para que não sejam
as últimas. Sei que sabes que a amas como se fora – e será por certo – a última.
Também sei que não há nada como o último Amor, o único, o único sem talvez, sem
dúvidas, sem nada que atrapalhe, sem ser a puta da Senhora Morte. Mas – sim,
talvez assim seja – talvez só assim saibamos o que é o Amor.
(Estranha forma de aprender, não
é?)
Se calhar Amor é só passearmos de
mão dada no perímetro do vulcão, saber que, de tão perto, nos irá escorregar a
mão da Amada - mas sabendo que, com ela, conseguimos sentir o calor do limite, o
calor limite, o calor, o limite. Ou ela. Ela. Sentimo-la.
Depois vêm os tempos do fim,
sentimo-lo. O último peixe grelhado no Neptuno (que não sabemos ou fingimos não
saber que será o último), os primeiros alperces (que não sabemos se não serão
os últimos), o último beijo (que sabemos que será o primeiro). Depois o último
grito de nós, sendo que quem amamos nos deixará sem que possamos fazer nada - a
não ser morrer, numa estranha solidariedade interior a que os químicos chamam
osmose e a que os mortais chamam “Foda-se!”
Sei que nunca amarei ninguém como
tu a amas, sei que ela sabe que o expões para que te doa menos (como se isso
fora possível…), ao espalhares as dores por nós, mortais. Mas sabes? Trocava a
minha vida pelo vosso Amor, por segundos que fosse. Por isso, aproveitem tudo,
até ao último instante dourado, até que a vida não vos troque os alperces, até
que a mão dela não consiga apertar a tua. Até que o Amor se adie para o
reencontro das almas. Na total e completa felicidade. Sabes? Aquela coisa em
forma de assim.
Eterna.
2 Commenários:
Estranha forma de ser (não é?).
By Maria P., at 7 de julho de 2012 às 11:01
O MEC tem facebook. Podes enviar-lhe.
:-)
By APC, at 16 de julho de 2012 às 03:16
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