CUOTIDIANO

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Lendo o “Público” (2006/12/28) – “Governo reforça controlo de assiduidade nos hospitais com sistemas electrónicos”

“Lei com oito anos é ignorada na maior parte dos estabelecimentos de saúde”


A “Secretaria-Geral do ministério alega que o método de assinatura de livros de ponto não tem rigor” – e alega muito bem! Curiosamente, “o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, considera que a decisão do Governo de controlar a assiduidade dos profissionais de saúde é lamentável, imprópria e populista. O médico lamentou também que os hospitais sejam agora obrigados a comprar relógios quando muitas vezes não têm verba para adquirir medicamentos.”

Ó sô dótor, parabéns, essa sua frase conseguiu ultrapassar todo e qualquer populismo!

Mas qual é o problema? É que, se já assinavam os livros de ponto com as horas correctas, torna-se totalmente indiferente o modo de registo. Então o protesto contra estas medidas (na lei há oito anos!) não será a admissão de que os aldrabavam?

Por outro lado, se a questão é que os médicos não deveriam ser sujeitos a controlo de horas, então o próprio livro de ponto já estaria mal e contra isso não protestavam. Será (pergunto eu, com a minha mente perversa...) porque sabiam perfeitamente que (praticamente) ninguém registava as horas correctas? Será?

Todos nós quando (infelizmente) vamos ao médico, verificamos que, de uma maneira geral, sofrem do “síndrome de noiva” – até parece mal se chegarem a horas, – levando, por vezes, esse estado de coisas ao limite, ou seja, não aparecendo sequer. Então se estamos a falar de serviço público, pago pelos nossos impostos, não é de exigir que as pessoas cumpram as horas do seu trabalho? Por acaso até gostaria de saber o que um director de serviço diria à empregada de limpeza, se ela lhe dissesse que se recusava a “picar o ponto”...

Termino com uma última pérola do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos: “Sob o pretexto do controlo de assiduidade, visam, na prática, a desarticulação dos serviços de acção médica”. O que um malandro de um relógio não consegue fazer...

3 Commenários:

  • Pois eu apenas fui feliz em empresas onde não havia such thing as relógio de ponto. E chegava mais cedo e saía mais tarde.
    Mas é como tudo: é preciso legislar sobre o não cumprimento.
    Aplique-se!
    Não, não é consigo, Cuote. Mas o menino também: aplique-se!... A ter um 2007 daqueles!!!
    "Daqueles quais?" - ora, faça-me o favor! Tsc-tsc... Que distraídos que nós andamos! Daqueles que bzz-bzzz-bzz (convém falar baixinho;-)
    e com champanhe antes, durante e depois! :-)

    B*

    By Blogger APC, at 29 de dezembro de 2006 às 05:51  

  • Caro Cuotidiano

    Curto bué ficar horas e horas num Hospital Público até ser atendido, observando uma sala de espera pelejadas de doentes a tossir, cheios de maleitas, e nos corredores, no bar, nos páteos, nas áleas, ver os graciosos médicos, em amena cavaqueira, de bata branca imaculada, vestida por cima de fatos chiquérrimos, com o bolso dianteiro carregado de canetas, tesouras e marcadores - que mais parecem papelarias ambulantes - levando a vaidade a passeio num balancé de estetoscópio, olhando a «tranca» bojuda das enfermeiras que lhes indagam, com um largo sorriso nos lábios: «Ora bons dias, Sô Doutor! Está melhorzinho?...»

    El Madrigal, amigo do Hospital...

    By Anonymous Anónimo, at 30 de dezembro de 2006 às 10:52  

  • Mitos e fantasias madrigais? ;-P
    [Just asking]

    By Blogger APC, at 3 de janeiro de 2007 às 03:52  

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