O botão
O botão ali estava. Mas... donde teria surgido? Ainda na véspera, na véspera da véspera e em todos as vésperas desde há vinte anos aquela parte, depois de arrumado o carro na garagem tinha ali passado no caminho para casa e - estava seguro disso - não havia lá nada. Estranho...
Mas o facto é que o botão ali estava. Vermelho, com uma lâmpada a piscar lá dentro, e com um pequeno cartaz por cima com a frase “Para o fim do Mundo carregar aqui”.
Estranhíssimo. Nunca nada fora do comum lhe havia acontecido, nada de particularmente emocionante – era casado com uma mulher comum, tinha um cão comum, levava uma vida das 9 às 6 (no restante do tempo esperava pelas 9 seguintes), aos fins-de-semana fazia jogging, centro comercial e televisão. Tudo comum (ah, à excepção de uma vez em que tomou um antibiótico com uma hora de atraso – ganda maluco! – “só para dar adrenalina”). E agora... isto?
De hesitação em hesitação, começou a andar às voltas em torno do botão - E se é mesmo? E se acaba o Mundo? Não, não pode ser, não tem pés nem cabeça. Bom, mas também nunca se sabe... que chatice, detesto surpresas! Bom, calma, só pode mesmo ser uma brincadeira parva, com certeza que é isso, carrega-se e não acontece nada, só pode. Mas...
Começou a suar em bica. Coração aos saltos, dedos nervosos, até que... não resistiu mais – carregou no botão com toda a força, gritando:
- Venci-te, botão, venci-te, não me amedrontaste! O Mundo continua, vês?! Venci-te!
Puro engano. Três gritos depois, e por causa de toda aquela excitação (única e última da sua vida), teve um ataque cardíaco e morreu. De facto, o Mundo havia acabado. Para ele.
(O botão? Fugiu para o Pentágono onde, evidentemente, passa despercebido – lá, botões “para o fim do Mundo” é mato!)
Mas o facto é que o botão ali estava. Vermelho, com uma lâmpada a piscar lá dentro, e com um pequeno cartaz por cima com a frase “Para o fim do Mundo carregar aqui”.
Estranhíssimo. Nunca nada fora do comum lhe havia acontecido, nada de particularmente emocionante – era casado com uma mulher comum, tinha um cão comum, levava uma vida das 9 às 6 (no restante do tempo esperava pelas 9 seguintes), aos fins-de-semana fazia jogging, centro comercial e televisão. Tudo comum (ah, à excepção de uma vez em que tomou um antibiótico com uma hora de atraso – ganda maluco! – “só para dar adrenalina”). E agora... isto?
De hesitação em hesitação, começou a andar às voltas em torno do botão - E se é mesmo? E se acaba o Mundo? Não, não pode ser, não tem pés nem cabeça. Bom, mas também nunca se sabe... que chatice, detesto surpresas! Bom, calma, só pode mesmo ser uma brincadeira parva, com certeza que é isso, carrega-se e não acontece nada, só pode. Mas...
Começou a suar em bica. Coração aos saltos, dedos nervosos, até que... não resistiu mais – carregou no botão com toda a força, gritando:
- Venci-te, botão, venci-te, não me amedrontaste! O Mundo continua, vês?! Venci-te!
Puro engano. Três gritos depois, e por causa de toda aquela excitação (única e última da sua vida), teve um ataque cardíaco e morreu. De facto, o Mundo havia acabado. Para ele.
(O botão? Fugiu para o Pentágono onde, evidentemente, passa despercebido – lá, botões “para o fim do Mundo” é mato!)
4 Commenários:
VOLTASTE! TU VOLTASTE!!!
Não que na tua "ausência" não tivesses deixado por cá excelentes operárias da piada, do gracejo e da anedota, mas este és TU... Tu de novo! Com aquele humor que fazes simples e desarmante, entre a brincadeira de criançola e... Exactamente isso (entre uma coisa e a mesma, em círculos sobre o ponto que suscita interesse - como a vaca em redor da luz, lol).
Bem-vindo àquela parte de ti diferente das outras (hoje estou a dizer coisas incríveis, não?:-P),
PARABÉNS e um abraço! :-)
By APC, at 16 de dezembro de 2006 às 04:28
Da próxima vez: Da Janela Sul...
Bom sábado:)
By Maria P., at 16 de dezembro de 2006 às 12:13
Depois dos histerismos desnecessários.... vem sempre um ataque cardíaco... infelizmente nem em todos os casos.
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O Fim do Mundo em cuecas também é particularmente engraçado nesta altura do ano em que faz tanto, mas tanto, frio.
Para além da perspectiva de um ponto em fuga (do frio, que haveria de ser?) existe ainda a esperança pelos dias quentes, cortada pela catarse do grande grande Fim inesperado.
Como o Natal tem muito de inesperado e Natal sem surpresas é como Lisboa sem Árvore Gigante, talvez te faça uma surpresa antes do final, não do Mundo mas, do ano.
Tea for two?
By Anónimo, at 16 de dezembro de 2006 às 16:44
Bem, pelo que parece a surpresa é descabida e o chá arrefece ao frio.
Bons passeios no parque.
By Anónimo, at 19 de dezembro de 2006 às 05:25
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