Adeus
Quando o frio desceu sobre a cidade, eu soube que me havias esquecido. Eras nuvem, eras gelo, eras a voz do vento que me esfriava. Eras tu sem ser tu. Mas eras tu quem ali estava. E doía.
Depois lembrei o medo que havia tomado conta do que éramos, do quanto eu estava vazio. E - então sim - foi fácil dizer adeus, porque era o sangue que doía em teu nome, porque eras tu sem ser tu quem partia. Mas eras tu quem ali estava. E doía.
Não ficaram móveis ou cortinas, nem mãos ou fotografias – apenas palavras, expressões, desejos, sentimentos avulso, um copo de medronho e uma voz de uma vez inteira. Apenas tu e mais nada. Apenas tu. Como um nada.
Disseste que eu estava esgotado, que não mais mudaria. E era verdade. A mesma verdade que, até hoje, te havia atraído. Com piadas parvas, ideias parvas e uma sinceridade parva que te atraíra. Mas agora, não. Eras só o vento, a voz sem voz da vez última de estarmos. Eras a dor que ali estava. Como tudo o que me matava.
Como eu não mudava, partiste. Hoje que lembro, acho que fizeste bem.
Por azar, dóis.
Depois lembrei o medo que havia tomado conta do que éramos, do quanto eu estava vazio. E - então sim - foi fácil dizer adeus, porque era o sangue que doía em teu nome, porque eras tu sem ser tu quem partia. Mas eras tu quem ali estava. E doía.
Não ficaram móveis ou cortinas, nem mãos ou fotografias – apenas palavras, expressões, desejos, sentimentos avulso, um copo de medronho e uma voz de uma vez inteira. Apenas tu e mais nada. Apenas tu. Como um nada.
Disseste que eu estava esgotado, que não mais mudaria. E era verdade. A mesma verdade que, até hoje, te havia atraído. Com piadas parvas, ideias parvas e uma sinceridade parva que te atraíra. Mas agora, não. Eras só o vento, a voz sem voz da vez última de estarmos. Eras a dor que ali estava. Como tudo o que me matava.
Como eu não mudava, partiste. Hoje que lembro, acho que fizeste bem.
Por azar, dóis.
Etiquetas: conto/crónica
8 Commenários:
Já nem sei dizer de qual cuotidiano mais gosto. Se daquele das piadas parvas (que me faz rir até não mais poder) ou do outro (que me faz ler, reler, sentir como se fosse em mim) que escreve com o coração.
Beijocas, S-B
By Leticia Gabian, at 26 de maio de 2007 às 19:00
Dolorosamente bonito (e tristemente familiar para demasiadas pessoas, quer-me parecer).
Tinha de vir cá espreitar. ;)
Beijo
By Patrícia, at 27 de maio de 2007 às 16:14
"Por azar, dóis".
Diz tudo.
Bjos*
By Maria P., at 28 de maio de 2007 às 00:16
... 'Aos dois.
By APC, at 28 de maio de 2007 às 00:57
A dor é sempre um excelente bálsamo para palavras sentidas. Com alma. Com a alma à flor da pele. Como estas que aqui deixaste.
Abraço.
By Nuno Guronsan, at 30 de maio de 2007 às 23:04
Apesar de triste, gostei! Afinal, a realidade é assim mesmo.
Uma boa semana.
By Alexandra, at 3 de junho de 2007 às 23:36
Sinceramente não sinto capacidade para comentar! Não é que não tenha entendido...mas sinto uma inevitabilidade tão grande no que li que mais parece-me desnecessário!
Bj
By Anónimo, at 4 de junho de 2007 às 00:18
Na senda do deixós poisar, deixo o meu comentário... escreveste-me, certa vez, que há textos de tão belos que são, tornam-se incomentáveis...
Muitos destes teus textos são incomentáveis... e belíssimos.
Gostava um dia de encontrar um livro teu (da tua autoria entenda-se) numa qualquer reputada papelaria...
E que um dia deixe de doer.
Beijos
By A, at 26 de junho de 2007 às 18:35
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