Bimboa
- Todas as minhas amigas têm e eu não; porque carga de água é que me fazes isto?
Todos os dias, todo o santo dia a mesma conversa. Alfredo já amaldiçoava a hora em que tinha comprado, para a sua querida Maria do Carmo, dona de casa extremosa e mulher tipo esposa mas sem bigode (ou, pelo menos, não retorcido), uma televisão para a cozinha. “Desde que lhe comprei aquela porcaria que não me fala noutra coisa; são aqueles malditos anúncios dos programas da tarde! Rais parta!”, praguejava.
- Sim, a nova Bimboa, amiga do ambiente e multi-funções ocasionais. Se todas as minhas amigas têm, porque é que eu não posso ter? Achas que eu não valho nada e elas são bestiais, é isso? Serei assim tão inferior a elas? Hã?? Vá, diz lá, sê homem, diz!
“Porra”, pensou Alfredo, “acho que vou ter de abrir os cordões à bolsa, ‘tou feito!”
Era verdade – quando uma mulher teima não há hipótese. Ou então não há hipótese de sexo. O que é pior. Assim, e bem vistas as coisas, mais valia comprar a porcaria da Bimboa. Assim foi.
- Pronto, aqui tens o que tanto sonhaste – disse Alfredo, na ilusão de voltar a ter vida sexual, enquanto desembrulhava o novo membro da família, quem sabe se não o mais importante.
- Obrigada, querido – disse Maria do Carmo, entrecortando a frase com um ternurento beijo de hálito cebolante, por sinal borrifando completamente na ilusão de Alfredo que, claro, esbarraria, como habitualmente, numa cirúrgica dor de cabeça.
A Bimboa instalou-se.
(Mais tarde, às tantas da madrugada).
– Estou, Sofia, desculpa acordar-te a esta hora, mas diz-me só uma coisa: para que é que serve a Bimboa? – perguntou Maria do Carmo, sussurrando ao telefone. – O quê, não sabes? ‘Tou lixada!
Não estava. À mesma hora mas via telemóvel, Alfredo telefonava a Miguel, seu velho amigo de patuscadas, perguntando:
- Desculpa lá, lembrei-me agora nem sei porquê: mas para que raio serve aquele monitor 3D que eu comprei caríssimo para pôr na caixa do carro?
Do outro lado da linha, silêncio.
Do outro lado do Atlântico, lucro a dobrar.
- Obrigada, querido – disse Maria do Carmo, entrecortando a frase com um ternurento beijo de hálito cebolante, por sinal borrifando completamente na ilusão de Alfredo que, claro, esbarraria, como habitualmente, numa cirúrgica dor de cabeça.
A Bimboa instalou-se.
(Mais tarde, às tantas da madrugada).
– Estou, Sofia, desculpa acordar-te a esta hora, mas diz-me só uma coisa: para que é que serve a Bimboa? – perguntou Maria do Carmo, sussurrando ao telefone. – O quê, não sabes? ‘Tou lixada!
Não estava. À mesma hora mas via telemóvel, Alfredo telefonava a Miguel, seu velho amigo de patuscadas, perguntando:
- Desculpa lá, lembrei-me agora nem sei porquê: mas para que raio serve aquele monitor 3D que eu comprei caríssimo para pôr na caixa do carro?
Do outro lado da linha, silêncio.
Do outro lado do Atlântico, lucro a dobrar.
Etiquetas: conto/crónica
6 Commenários:
Valei-me Jisus!
Olha bem, não é porque eu viva do outro lado do Atlântico que estou apta a tirar todas as dúvidas sobre a Bimbora e suas multi-funções. Nanananão! Eu passo!
Até sei de gente que tem, usa e até gosta.... moças donzelas, casadas, viúvas, padres e carolas, políticos.... Mas, euzinha.... tô fora!!!!
Beijoca, do lado de cá
By Leticia Gabian, at 31 de maio de 2007 às 02:31
Bolas... Ia a comentar e já tinha Letxinha passando a perna em mim! Lol
Bom... Por qualquer motivo, optei por não te dizer por esta via o que é que eu faço com a Bimbora.
Mas que gostava que experimentasses, gostava! ;-)))
PS - E que história essa, bolas!, até fiquei deprimida, lololol. B*
By APC, at 31 de maio de 2007 às 02:39
Uma bimboa...
Hum parece-me uma cena de dona de casa, tipo aquelas máquinas que fazem tudo, mete-se farinha de um lado e sai pizza com ingredientes e tudo do outro...
Acho que não quero.
:)
By a miúda, at 1 de junho de 2007 às 23:54
Há algo estranho neste blog:))) ou há algo de estranho comigo quando leio este blog porque há sempre qualquer coisa que me impede de ter uma tirada inteligente! Neste caso...vai tudo direitinho até ao fim..e aqui escapasse-me algo!:))
BJ
By Anónimo, at 4 de junho de 2007 às 00:25
Ôpa! É impressão minha ou aconteceu uma mudança no nome do produto?
By Leticia Gabian, at 6 de junho de 2007 às 16:26
Tens "Tomates no sitio certo?" Pelo sim e pelo não o prémio é teu passa cá para o apanhares.
By Ana Luar, at 14 de junho de 2007 às 15:14
Enviar um comentário
<< Home