Um telefonema de Sócrates a Deus (através do Magalhães, claro!)
Quando Sócrates pensa em Deus, pensa em hotéis de charme.
Quando Deus pensa em Sócrates, pensa “chiça!”
No entanto, falam-se. Confuso?
Bom. Após este importantíssimo e indispensável preâmbulo, há apenas a referir que o que se segue não é mais que a transcrição de um diálogo entre ambos, apenas possível de reproduzir não só porque não estamos em cativeiro como, também, porque esta escuta em particular não teve qualquer interesse para o caso “Apito Dourado”. Ah, e porque, como é evidente, sou menino de vasculhar o lixo dos outros – aliás, foi assim que conheci a minha primeira namorada. E a segunda. E uma ratazana. Ah, que ratazana… tinha cá umas… enfim, adiante. Citemos, então.
- Oi, Dr. Deus, tudo bem?
- Tudo. Então, ligas porquê?
- Para já porque és tu a pagar, pois estou a telefonar à cobrança para não aumentar a despesa pública. Em segundo…
- ‘Pera aí! Sou eu quem está a pagar?!
- Sim, és. E então, qual é o problema? Deixa mas é de ser forreta que tu vives aí de borla, num apartamento com uma vista privilegiada sobre o Inferno e, ainda por cima, comprado a um preço muito inferior ao que pagou o teu vizinho do lado!
- Bom, está bem, por esta passa – mas só porque eu estou com pressa por ter um santo ao lume. Diz lá rapidamente o que é que queres, vá, despacha-te.
- Olha, dava-me jeito que o deficit não ultrapassasse os 20%. É que este ano vai haver eleições e isto só lá vai com um milagre. Achas que me poderás ajudar?
- Não sei, respondo-te depois. Por anjo-correio.
- “Anjo-correio”? Queres dizer “pombo-correio”, não é?
- Não, por aqui os pombos são usados apenas para reprodução, como fiz com o meu filho. “Anjo-correio”, disse bem.
- Ouve lá, estás a brincar comigo, não estás?
- Estou, claro. Respondo-te e é já: da maneira que isso anda, nem com milagres! Esquece.
- Então e se eu te desse algo em troca, reconsiderarias?
- Depende. O que é que tens para me dar? Olha, só se me arranjares umas virgens, que isto anda mau à conta dos palermas dos muçulmanos, que andam para aí a fazer-se explodir em tudo o que é sítio e eu tenho de arranjar 70 para cada um que chega… e, só nos últimos anos, entraram mais de 10.000. Acho até que vou ter de despedir o S. Pedro – que deixa entrar toda a gente - e contratar um armário de discoteca!
- Já sei, dou-te o Manuel Alegre, que é uma virgem ofendida e diz que representa um milhão.
- Um milhão? Não achas isso um exagero por uma Helena Roseta de calças?
- Eh pá, se quiseres até te mando de bónus a própria Helena Roseta de barbas, mas leva-me lá esse tipo que já estou completamente farto dele - é que o fulaninho nem sequer aceita ser deputado europeu, que é a minha versão Armani dos Goulags! Então, aceitas este subornozito ou não?
- Aceitar aceito, mas vê lá se cumpres a tua parte, que não estou para ser enganado. É que eu também vejo televisão – principalmente programas sobre confecção de caracóis e bricolage, reconheço – e parece-me que às vezes te metes numas trapalhadas valentes, como com aquela história do Freeport!
- Mas ainda não percebeste que, quando eles me perguntam sobre o Freeport, eu respondo sobre o Freepor? Assim nunca minto, entendes? Estou mesmo a ver que nunca tiveste “Inglês Técnico”… Bom, mas então fica assim: eu envio-te o Manuel Alegre representando - já com um desconto especial que eu faço só para ti - 150.000 virgens para compensar as que perdeste e, em troca, tu tratas de pôr o deficit em 19,99%. Combinado?
- Está bem, combinado. Mas… espera lá. Se eu perdi 700.000 virgens, como é que 150.000 me podem chegar?
- Pensa um pouco: se não contares com as que perdeste, ficas a ganhar 150.000, percebes? Acredita em mim, já testei esta metodologia em Portugal e resulta na perfeição.
- Bom, mas quero mais uma coisa: um produto para me escurecer as sobrancelhas.
- Hã??
- Sim, e qual é o problema? Não és tu que, aparte os bonecos da Disney, és o exemplo acabado de uma imagem animada?
- Está certo, tens razão. Olha, só mais uma coisa antes de desligar: queres algum conselho meu sobre como é que hás-de gerir as coisas por aí? Estás à vontade! É que eu já reformei o Estado, a Segurança Social, tratei da disfunção eréctil, resolvi todos os problemas socioeconómicos, erradiquei a pobreza, acabei com o pé-de-atleta, baixei a Euribor, ganhei as eleições de 2013 e muito mais. Por isso, já sabes: podes contar comigo para te ajudar em qualquer coisa que queiras.
- Eh pá, desculpa que te diga, mas estás cada vez mais arrogante e convencido. Meu Deus…
- Convencido, eu?! Olha, só para te desmentir, esquece essa última formalidade e passa a tratar-me apenas por Sócrates.
A gravação ficou por aqui, porque Deus (o que – dizem - anda lá por cima) desligou o telefone a Sócrates (o que – dizem – anda cá por baixo). Por puro bom-senso. Coisa que – digo eu - por cá vai faltando…
Quando Deus pensa em Sócrates, pensa “chiça!”
No entanto, falam-se. Confuso?
Bom. Após este importantíssimo e indispensável preâmbulo, há apenas a referir que o que se segue não é mais que a transcrição de um diálogo entre ambos, apenas possível de reproduzir não só porque não estamos em cativeiro como, também, porque esta escuta em particular não teve qualquer interesse para o caso “Apito Dourado”. Ah, e porque, como é evidente, sou menino de vasculhar o lixo dos outros – aliás, foi assim que conheci a minha primeira namorada. E a segunda. E uma ratazana. Ah, que ratazana… tinha cá umas… enfim, adiante. Citemos, então.
- Oi, Dr. Deus, tudo bem?
- Tudo. Então, ligas porquê?
- Para já porque és tu a pagar, pois estou a telefonar à cobrança para não aumentar a despesa pública. Em segundo…
- ‘Pera aí! Sou eu quem está a pagar?!
- Sim, és. E então, qual é o problema? Deixa mas é de ser forreta que tu vives aí de borla, num apartamento com uma vista privilegiada sobre o Inferno e, ainda por cima, comprado a um preço muito inferior ao que pagou o teu vizinho do lado!
- Bom, está bem, por esta passa – mas só porque eu estou com pressa por ter um santo ao lume. Diz lá rapidamente o que é que queres, vá, despacha-te.
- Olha, dava-me jeito que o deficit não ultrapassasse os 20%. É que este ano vai haver eleições e isto só lá vai com um milagre. Achas que me poderás ajudar?
- Não sei, respondo-te depois. Por anjo-correio.
- “Anjo-correio”? Queres dizer “pombo-correio”, não é?
- Não, por aqui os pombos são usados apenas para reprodução, como fiz com o meu filho. “Anjo-correio”, disse bem.
- Ouve lá, estás a brincar comigo, não estás?
- Estou, claro. Respondo-te e é já: da maneira que isso anda, nem com milagres! Esquece.
- Então e se eu te desse algo em troca, reconsiderarias?
- Depende. O que é que tens para me dar? Olha, só se me arranjares umas virgens, que isto anda mau à conta dos palermas dos muçulmanos, que andam para aí a fazer-se explodir em tudo o que é sítio e eu tenho de arranjar 70 para cada um que chega… e, só nos últimos anos, entraram mais de 10.000. Acho até que vou ter de despedir o S. Pedro – que deixa entrar toda a gente - e contratar um armário de discoteca!
- Já sei, dou-te o Manuel Alegre, que é uma virgem ofendida e diz que representa um milhão.
- Um milhão? Não achas isso um exagero por uma Helena Roseta de calças?
- Eh pá, se quiseres até te mando de bónus a própria Helena Roseta de barbas, mas leva-me lá esse tipo que já estou completamente farto dele - é que o fulaninho nem sequer aceita ser deputado europeu, que é a minha versão Armani dos Goulags! Então, aceitas este subornozito ou não?
- Aceitar aceito, mas vê lá se cumpres a tua parte, que não estou para ser enganado. É que eu também vejo televisão – principalmente programas sobre confecção de caracóis e bricolage, reconheço – e parece-me que às vezes te metes numas trapalhadas valentes, como com aquela história do Freeport!
- Mas ainda não percebeste que, quando eles me perguntam sobre o Freeport, eu respondo sobre o Freepor? Assim nunca minto, entendes? Estou mesmo a ver que nunca tiveste “Inglês Técnico”… Bom, mas então fica assim: eu envio-te o Manuel Alegre representando - já com um desconto especial que eu faço só para ti - 150.000 virgens para compensar as que perdeste e, em troca, tu tratas de pôr o deficit em 19,99%. Combinado?
- Está bem, combinado. Mas… espera lá. Se eu perdi 700.000 virgens, como é que 150.000 me podem chegar?
- Pensa um pouco: se não contares com as que perdeste, ficas a ganhar 150.000, percebes? Acredita em mim, já testei esta metodologia em Portugal e resulta na perfeição.
- Bom, mas quero mais uma coisa: um produto para me escurecer as sobrancelhas.
- Hã??
- Sim, e qual é o problema? Não és tu que, aparte os bonecos da Disney, és o exemplo acabado de uma imagem animada?
- Está certo, tens razão. Olha, só mais uma coisa antes de desligar: queres algum conselho meu sobre como é que hás-de gerir as coisas por aí? Estás à vontade! É que eu já reformei o Estado, a Segurança Social, tratei da disfunção eréctil, resolvi todos os problemas socioeconómicos, erradiquei a pobreza, acabei com o pé-de-atleta, baixei a Euribor, ganhei as eleições de 2013 e muito mais. Por isso, já sabes: podes contar comigo para te ajudar em qualquer coisa que queiras.
- Eh pá, desculpa que te diga, mas estás cada vez mais arrogante e convencido. Meu Deus…
- Convencido, eu?! Olha, só para te desmentir, esquece essa última formalidade e passa a tratar-me apenas por Sócrates.
A gravação ficou por aqui, porque Deus (o que – dizem - anda lá por cima) desligou o telefone a Sócrates (o que – dizem – anda cá por baixo). Por puro bom-senso. Coisa que – digo eu - por cá vai faltando…
Etiquetas: conto/crónica, política