CUOTIDIANO

quarta-feira, maio 14, 2008

Comunicado de imprensa do Ministério da Economia sobre os aumentos dos combustíveis

Tendo sido veiculado pelos órgãos de comunicação social nacionais um conjunto de afirmações e rumores que não correspondem, minimamente, à verdade factual e que, consequentemente, não podem ficar sem resposta, vem por este meio o Ministério da Economia esclarecer que:

1) O recente aumento de combustíveis não é o 17º deste ano, já que o primeiro que é referido pelos alarves dos meios de comunicação que só não gostam do Governo porque o primeiro-ministro, por azar, cheira mal dos pés, foi efectuado na passagem do ano, ou seja, à meia-noite do dia 31 de Dezembro de 2007. Assim, e como é evidente, não poderá contar como aumento em 2008. Nem em 2007, já agora;
2) Assim, trata-se apenas e só do 16º aumento do ano, o que vem reforçar a ideia sempre defendida pelo Executivo de que um aumento por dia era chato; vá lá, demais, pronto;
3) Regozija-se, também, o Ministério, por se estar a conseguir evitar a entrada no nosso país da crise internacional mas não dos chouriços da Vidigueira made in China, por sinal deliciosos;
4) Como é evidente, só com grande esforço de todos poderemos levar de vencida esta crise que não existe, apenas inventada pelos palermas da oposição, que nem um líder conseguem ter. Têm, quando muito, o Manuel Alegre que, ainda por cima, nem sequer é mais do que a Helena Roseta travestida com uma barba em 2ª mão, digo, cara (por isso e só por isso, nunca alguém os vê juntos, seus totós!).

Por outra parte, como o senhor ministro tenciona fazer a passagem de ano em Andorra (onde a neve não é a foleirice da da Serra da Estrela, cheia de restos de laranjas e frangos assados) e não terá, consequentemente, tempo para escrever textos tão literários quanto este, apresentamos desde já o comunicado que deveria sair, apenas, a 1 de Janeiro de 2009. Assinale-se que a semelhança com o comunicado atrás apresentado é mera coincidência. Bom, adiante. Assim:

1) O recente aumento de combustíveis não é o 175.987º deste ano, já que o primeiro que é referido pelos alarves dos meios de comunicação que só não gostam do Governo porque o primeiro-ministro, por azar, cheira mal dos sovacos, foi efectuado na passagem do ano anterior, ou seja, à meia-noite do dia 31 de Dezembro de 2007. Assim, e como é evidente, não poderá contar como aumento em 2008. Nem em 2007. Nem em 2009, já agora;
2) Assim, trata-se apenas e só do 175.986º aumento do ano, o que vem reforçar a ideia sempre defendida pelo Executivo de que um aumento por hora era chato; vá lá, demais, pronto;
3) Regozija-se, também, o Ministério, por se estar a conseguir evitar a entrada no nosso país da crise internacional mas não dos chouriços da Vidigueira made in China, por sinal pesados comó caraças para o estômago;
4) Como é evidente, só com grande esforço de todos poderemos levar de vencida esta crise que, efectivamente, não existe, e é apenas inventada pelos palermas da oposição, que nem um líder conseguem ter. Têm, quando muito, a Helena Roseta que, ainda por cima, não é mais que o Manuel Alegre travestido com uma saia em 2ª mão, digo, peida (por isso e só por isso nunca alguém os vê juntos, seus cocós!).


Lisboa, 14 de Maio de 2008 e, simultaneamente,

Lisboa, 1 de Janeiro de 2009

(Pelo) Ministro Manuel Pinho

Zé, um gajo que ninguém sabe quem é mas que o ministro há-de descobrir porque é inteligente à brava

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sábado, maio 10, 2008

Já passaram tantos anos e eu ainda te esqueço (sabes?)

Já passaram tantos anos e eu ainda te esqueço – suor da lua, desejo incontrolável, sorriso aberto, encontro de mil desejos que nem consigo desejar, pôr-do-sol mais que tardio, corpo quente, olhar hipnótico de todo e qualquer sentido que ainda estou por definir e longinquamente imaginar. Enfim... mulher!

Sim, a cada dia que passa esqueço mais e mais a cor dos teus olhos, o som do teu orgasmo, o cheiro infindo da tua pele, a cor de ti e muito particularmente do teu cabelo – não sei porquê mas é verdade –, do teu cabelo, qual impossível, improvável esboço de corpo, espaço feminino definitivo, recanto encantado do desejo, pão à espera da fome. E não quero, juro-te, não quero, não quero que isso aconteça, mesmo, mesmo, por mais que te relembre e me esforce à brava à brava e à brava e te esqueça sem dar por isso, dando-me, sacrificando-me, dando-me sempre à tristeza.

(...E depois - sabes? - não sabemos aproveitar nada.. Há 20 anos atrás estávamos no Paraíso, conduzidos pelo Brian Adams e pelos nossos desejos adolescentes. E hoje, estamos onde?)

Hoje? Hoje nem sequer sei porque ainda aqui estou, porque escrevo, porque Te escrevo - tu que és a minha maiúscula preferida - porque ainda ouço as dez milhões de biliões de músicas (lentas, sempre lentas, sabes?) que ouvia e ouço e ouvirei, quando tu és o meu enorme, pequeno, particular anjo com sexo, excelso pedaço e pormenor de Paraíso, que eu não vejo, que não toco, mas que me faz falta - sim, que me falta tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto.

E depois (sabes?) sobra sempre a música, sobram as guitarras, o refrão da sede, do cio, do estar à tua espera – pior que tudo, a tua recordação, sempre presente como uma marca de fogo, como um pontapé nos tomates, como um grito de uma puta ferida sem orgulho, como um instancável sangue de ti que me percorre as estranhas profundezas das entranhas, até se dissolver nas infindas, prementes, urgentes, queimadas imagens de ti.

Mas o pior de tudo (sabes?) é que te vou esquecendo em cada vez que te relembro – aprendi há uns dias atrás que o cérebro aprende os erros. Digo bem – aprende os erros e não aprende com os erros. Ou seja, habitua-se a eles e repete-os, repete-os, repete-os, repete-os, repete-os, repete-os, repete-os, repete-os, repete-os, repete-os, repete-os, repete-os, repete-os, repete-os.

Tanto que não te consigo esquecer - por mais que te relembre.

(Tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto tanto)

Ah, esqueci-me – da palavra “dor”.

(Amo-te tanto – tanto tanto tanto)

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segunda-feira, maio 05, 2008

Trigóleo

- Mas o que é que julgas que estás a fazer?!

Já estava farto. Mas é que era todos os dias o mesmo. Sempre que comia alguma coisa, uma reles carcacita que fosse, lá vinha ela.

- Mas o que é que julgas que estás a fazer?! Pára de comer imediatamente senão não temos combustível suficiente para ir visitar a minha mãe este fim-de-semana!

Havia emagrecido dez quilos (“até que estás com muito melhor aspecto, Alfredo” – o que essa frase o irritava!) desde que Portugal assinara o acordo europeu sobre biocombustíveis e a mulher se tornara tresloucadamente patriota. Para o carro ia o fillet mignon, o churrasco com os amigos, a cervejola do futebol, o pudim flan do boca doce e, para ele, os (eventuais) restos.

- Mas o que é que julgas que estás a fazer?! Então e como é que amanhã querias que eu levasse os miúdos à escola, hã? A pé, seu egoísta?!

Enquanto isso, o carro arrotava na garagem, atestado que estava de bifes do lombo com puré de maçã. Tinha de fazer alguma coisa!

Assim foi. Um dia, ao acordar, sua eco-esposa não o viu.

- Deve estar a comer o doce de ginja que estou a guardar para irmos ao Gerês, aquele safado!

Correu para a cozinha. Nada. Procurou na sala. Nada. Despensa, quartos dos miúdos, casas de banho. Nada, sempre nada.

- Onde se terá metido? – repetiu-se intrigada e, simultaneamente, furiosa.

Em desespero de causa, foi até à garagem, o único sítio onde ainda não tinha ido.

- Mas o que é que julgas que estás a fazer?! – gritou em pânico mal o viu sugando sofregamente, por uma palhinha de plástico, uma bela de uma refeição completa (variada e bem equilibrada do ponto de vista nutricional, diga-se) do depósito de combustível do carro.

Cumprimentou-a com um arroto, o primeiro desde há muito, muito tempo.

Continuou a sugar.

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NOTA: Este foi o meu pequeno, minúsculo contributo (obviamente parvo) para tentar despertar algumas consciências para o crime que é, actualmente, a produção de biocombustíveis. Infelizmente, Portugal, qual novo rico de tudo o que parece "verde" - curiosamente liderado por um antigo secretário de estado do ambiente com nome de grande pensador e filósofo -, está a aderir entusiasticamente à moda, ao ponto de querer, inclusivamente, antecipar a meta dos 10% (dos combustíveis totais) preconizada pela União Europeia.

Sublinho o que é óbvio: esta pseudo-ecologia, somada à especulação mundial do petróleo que se expandiu, qual vírus, para os bens alimentares essenciais, começa a trazer gravíssimas consequências para toda a Humanidade, principalmente - e como sempre -, para os que nada têm. A não ser fome.


Acrescento extracto de um artigo do “Diário de Notícias” que me parece bastante elucidativo do problema que temos – todos – em mãos.



Biocombustível é "crime contra a Humanidade"

O perito das Nações Unidas Jean Ziegler pediu a uma comissão da Assembleia Geral da ONU uma moratória de cinco anos na produção de biocombustíveis, para permitir desenvolver novas tecnologias e estabilizar os preços dos alimentos.
Num só ano, o custo do trigo duplicou e o de milho quadruplicou, devido ao crescente interesse nos biocombustíveis, considerados boa alternativa ao petróleo. Mas, para o sociólogo suíço, estes produtos são "um crime contra a Humanidade".
Segundo diz o perito da ONU, os biocombustíveis estão a provocar o aumento vertiginoso no preço dos alimentos, com potenciais efeitos catastróficos nos países em desenvolvimento, sobretudo nas camadas mais pobres da população.
Uma em cada seis pessoas passa fome, ou seja, um total de 854 milhões. O flagelo atinge as crianças de forma desproporcionada. Segundo a ONU, o planeta produz alimentos suficientes para alimentar 12 mil milhões de seres humanos, quase o dobro da população mundial. Mesmo assim, o número de pessoas severamente mal nutridas subiu, nos últimos 30 anos, de 80 milhões para 200 milhões. Em cada dia que passa, morrem de fome, ou das suas consequências directas, 100 mil pessoas.
Por outro lado, a ciência está a evoluir depressa no campo dos biocombustíveis, acrescentou Ziegler e, "em apenas cinco anos, será possível produzir bioetanol e biodiesel a partir de restos agrícolas". O perito referia-se às partes celulósicas das plantas, hoje inúteis, em vez de milho, trigo e cana de açúcar. Os cientistas também estão a estudar alternativas, como o de um arbusto, Jatropha Curcas, que cresce em zonas áridas, impróprias para a agricultura.
Um exemplo adiantado por Ziegler é o do milho, um dos alimentos menos eficientes nos biocombustíveis. São precisos 250 quilos de milho para produzir apenas 50 litros de bioetanol. Aquela quantidade permitiria alimentar uma criança durante um ano inteiro.

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