CUOTIDIANO

sábado, junho 30, 2007

Algumas curiosidades que esta semana fui lendo no jornal (e que me fazem comichão)

- Durante o ano de 2006, as Finanças arrecadaram, de impostos provenientes da venda do tabaco, 1.417 milhões de euros, o que representa uma subida de 7,7%(!) face à receita do ano anterior – 1.322 milhões de euros. Como, no mesmo ano e de acordo com o Infarmed, o Estado gastou em consultas, internamentos e cirurgias decorrentes do consumo de tabaco, 434 milhões de euros, vem que o lucro foi de 983 milhões de euros. Ou seja, como é que o nosso Governo “mercantilista”, tão preocupado com o deficit económico e não com o deficit de pulmões e afins, não haveria de recuar na Lei do Tabaco, recuo no qual se inclui a aceitação da fixação de preços mínimos? Já agora, e com certeza apenas por coincidência, essa recomendação foi dada pela... (adivinhem lá!) Tabaqueira.

- Depois da queda de (mais) um avião das Linhas Aéreas de Angola (TAAG), a mesma companhia foi proibida de sobrevoar o espaço europeu por falta de condições de segurança, consequência, nomeadamente, de uma quase inexistente manutenção - de que, ao que parece, este último acidente foi mais uma prova. Entretanto, o governo do ditador Eduardo dos Santos, encontra-se a ultimar a compra de um Boeing 767-400 por mais de 100.000.000 € (sim, leu bem, 100 milhões de euros) para .... uso privado do Presidente!. Já agora, relembro, por exemplo, que Angola é o oitavo país do Mundo em termos de mortalidade infantil (118/1000, ou seja, 12 em cada 100!), 15º (a contar do fim, claro) em relação a esperança de vida (46 anos contra, por exemplo, 76 em Portugal) e tem um rendimento "per capita" de cerca de 3 dólares por dia. Como é evidente, a prioridade óbvia do país é o jacto daquele grandessíssimo fdp (“filho do povo” é o que esta sigla significa, como seria fácil de deduzir!).

- Correia de Campos, um gajo de óculos que se senta num cadeirão de um Ministério luxuosamente recém remodelado, tratou da Saúde à directora do SAP de Vieira do Minho, exonerando-a porque foi demasiado lenta a mandar retirar um cartaz que reproduzia caluniosas afirmações contra os SAP feitas por... Correia de Campos! (Mas... ‘pera aí! Este não é o mesmo que a demitiu? Acho que estou a ficar baralhado!). Claro está que as questões de bom ou mau funcionamento desse Centro de Saúde são perfeitamente secundárias para a avaliação da Directora, a “velocidade de arrancamento de cartazes” é que é, evidentemente, o critério mais lógico de avaliação profissional! Já agora, a “top-frase” do Ministro, reproduzida no “Jornal de Notícias” em 6 de Agosto de 2006, foi “nunca vou a um SAP, nem nunca irei! Porque não têm condições de qualidade”. (Quem não acredite e quiser confirmar pode ler aqui, no “Cuotidiano”, texto de 7 de Agosto sobre o assunto).

- José Sócrates, aquele tipo que à noite e às escondidas se veste de Cavaco Silva (em dias mais loucos de Alberto João Jardim), resolveu processar o “bloguista” que deu origem às investigações jornalísticas que demonstraram que ele era “engenheiro-ma-non-troppo”. É um fantástico tiro no pé, tipo dois em um - ninguém falava mais no assunto e, agora, voltou a falar-se (e de que maneira!) e, simultaneamente, mostrou todo o seu espírito de tolerância democrática. Já agora, porque é que não processa também o “Expresso”, o “Público”, o “JN”, o... será porque não dá assim muito jeito chatear os jornalistas? Acessoriamente, e dentro do mesmo espírito, relembro que este primeiro-ministro é o mesmo que reconduziu a tristemente célebre Dr.ª Moreira, a tal que suspendeu, num ataque de “em-bicos-dos-pés-para-mostrar-ao-Chefe-que-o-amo-muito”, um dos 10 milhões de gajos que fizeram piadas sobre a licenciatura (ou não) do dito Sócrates.

- Fernando Negrão, aquele que foi a 168ª escolha do PSD para Lisboa após 167 falhanços (incluindo um cauteleiro do Rossio e um flamingo do Jardim Zoológico), teve mais um dia negro ao, numa entrevista ao RCP, ter-se“trocado” todo com as siglas que deveria saber mais que de cor. Tudo começou com a sua proposta de extinção do IPPAR. Após vários minutos de dissertação sobre o tema e de Afonso Henriques ter dado voltas no túmulo já se imaginando um sem-abrigo, o entrevistador perguntou-lhe se não se estaria a referir à EPUL. Negrão confirmou o erro. Mas, por forma a mostrar que havia sido um lapso perfeitamente pontual, recomeçou a dissertação sobre extinções, desta vez sobre a EPUL, “aquela que, como toda a gente sabe, é a empresa que trata do abastecimento de água a Lisboa”. Pior a amêndoa que o sabonete! Estava, evidentemente, a referir-se à EPAL que, ainda por cima, não sendo uma empresa municipal, não é “extinguível” pela CML! Já agora, relembro que este é o mesmo tipo que era director da PJ (Palhaços Jocosos?), que se divide em várias Direcções Centrais, nomeadamente a DCCB (Discreto Combate Com Beijinhos?), a DCITE (Doidices Com Intenção de Tramar a Ermelinda?) e a DCICCEF (Dão-me Coisas Impossíveis de Conhecer Caraças É F*****?). Percebe-se assim melhor porque é que o processo Apito Dourado anda tão devagar – é que alguns dossiers, à conta da troca de siglas, foram provavelmente parar ao IPPAR, onde calmamente passeiam, de repartição em repartição, até à vitória final.

- Foi anunciado, com pompa e circunstância, que a electricidade irá baixar, isto depois dos continuados e brutais aumentos dos últimos tempos. Quanto? Em média, uns fabulosos 28 cêntimos(!) por mês e por consumidor. Ou seja, cada elemento da família “média” portuguesa (com 4 elementos), irá passar a dispor, por dia, de mais 0,23 cêntimos. Como é evidente, o Governo vai declarar o Estado de Sítio por forma a evitar os previsíveis tumultos que aí se avizinham, consequência das loucas extravagâncias que os portugueses irão fazer ao verem-se com tamanha fortuna para esbanjar diariamente. Já agora, quanto ganhará o Sr. Doutor Engenheiro Administrador que anunciou tamanha generosidade - o mesmo que, entre várias mordomias, nem sequer paga electricidade?

- Abriu a Colecção Berardo e, no mesmo dia, demitiu-se o Mega Ferreira por, ao que parece, se ter desentendido com o Joezinho por causa das bandeiras a hastear no dia da inauguração - o que não é um motivo fútil, é, isso sim, um motivo giro e original. Enfim... mas depois de todas as barbaridades que o Zé-em-Inglês diz e que só são ouvidas porque tem mais dinheiro que os outros, eu dizia-lhe onde é que ele havia de enterrar as bandeiras! (Já agora, a Colecção é excelente!).

- Dizem que o José Sá Fernandes foi à “parada gay” porque estava tudo aos gritos “O Zé faz falta”!



Pronto, já me cocei em público. Adeus.

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segunda-feira, junho 25, 2007

Fui ao Brasil com o meu pato de loiça

Tirei uns dias de férias e fui até ao Brasil com o meu pato de loiça, que conheci da forma mais estranha que se possa imaginar. Querem saber como? Não? Então eu vou contar.

O Ministério da Saúde, como todos os mistérios (palavra que deu origem a “Ministério” - nota para os menos cultos, como eu, cuja etimologia só inventei ontem à noite) em Portugal, incluindo o de Fátima, de vez em quando resolve actualizar-se. No Ministério da Saúde comprando computadores; em Fátima, aumentando o tamanho da árvore que, pretensamente, teria abrigado “Nossa Senhora” - o que a faria aumentar de tamanho provável de um metro e pouco para um metro e pouco e mais alguns cagagésimos, mais coisa menos coisa. Bom, mas isso não interessa nada, como diria a grande filósofa da actualidade, Teresa Guilherme, da Guilherme e Guilherme e ainda mais Guilherme, Lda - ou seja, adiante.

Dizia eu que o Ministério resolveu actualizar-se e criou uma Comissão (como sempre acontece nestes casos – quando não se quer fazer o que quer que seja, cria-se uma Comissão) que estaria encarregue da “modernização”. Ou seja, e à sombra do slogan “um funcionário, um computador” (aliás, primo direito dos slogans “um homem, um voto” e do “nem mais um soldado para as colónias”, embora ninguém - nem eu que sou parvo - consiga perceber a relação), resolveu distribuir um computador a cada funcionário. Pequeno pormenor – ninguém sabia, sequer, como se ligaria aquilo, quanto mais como funcionaria!

Episódio seguinte: uma funcionária, sem saber o que fazer, agora com o filho, levou-o para o Serviço. Como é evidente, o puto sabia mais de informática que cem funcionárias juntas, pelo que resolveu fazer alguma coisa com “aquilo”. Ou seja, começou a utilizá-lo. No caso, jogando.

No dia seguinte surgiu, em todo o seu esplendor, o Chefe – perguntou, em tom agreste, o que se passava, e escreveu uma magnífica ordem de serviço em que mandava que todos os computadores, por forma a não serem uns promíscuos colaboradores de jogos infantis e, consequentemente, do despesismo nacional, iriam, de imediato, para cima dos armários. Assim foi.

Dois anos depois, com a saúde tão moderna quanto antes estava, exibindo estatísticas de mais negligentes mortos que nunca, os brilhantes crânios dirigentes resolveram rentabilizá-la – ou seja, venderam os computadores, já obsoletos, substituindo-os por moderníssimos patos de loiça no cimo dos armários, atingindo uma estética renovada e moderna, para além de um lucro tão surpreendente que o Secretário de Estado foi promovido a Secretário de Estado - só que com direito a mais acessores!

Donde, e para rentabilizar mais ainda a saúde, resolveram vender os patos Porque, evidentemente, eram tão inúteis quanto os computadores.

E aí surjo eu – carente por afecto, doido por meiguice, que mais é que eu poderia pedir que um pato de loiça todo nu?

Comprei-o. Preço acessível, aspecto decente e lavado, inegavelmente submisso, tal e qual uma das “existências” de um harém.

Assim, e como a realidade é, apenas, o que queremos que ela seja, decidimos fazer umas férias no Brasil, nus e felizes – eu e o pato, obviamente; nunca iria com o Secretário de Estado, um palerma que nunca toma banho!

Ah, antes que me esqueça. parti-o todo (ao pato, claro outra vez)! Ou seja, voltou em cacos! Comigo é assim – se não for violento, não é Amor! Nem moderno.



PS – Este texto é baseado num episódio real, passado no Departamento de Modernização da Saúde, do Ministério da Saúde, Avenida Miguel Bombarda, em Lisboa. Como é evidente, se o Sr. (ás vezes “Engenheiro”) Sócrates me resolver processar, eu direi que tudo isto é só uma brincadeira – caso contrário, baseia-se na realidade!

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sexta-feira, junho 22, 2007

De merda, digo-te

Quando tu disseste que estava tudo acabado, eu não desatei a chorar nem a imaginar requintados processos de suicídio – não, nada disso, limitei-me apenas a congeminar a volta que havia de dar à situação para, afinal, ter sido eu a acabar contigo.

(Porque se há coisa que me chateia é ser abandonado – não, não vou ficar para aqui a carpir as mágoas da mãezinha demente ou da avó perneta que, apesar da óbvia dificuldade, se pirou, mas apenas e só e o mais simploriamente possível, constatar que me repugna o abandono por si próprio. Melhor – comigo próprio. Ou seja e abreviando: recuso-me a ser abandonado, é isso, nem que seja pelo acne juvenil.)

Depois disseste que, após a mágoa, talvez pudéssemos ser amigos, talvez nos reencontrássemos, talvez déssemos as mãos e os números trocados de telemóvel, talvez (quem sabe?) um de nós tivesse comprado um talhão na lua e estivesse doido para o contar a alguém e que esse alguém tivesse - com toda a urgência e obviedade - de ser o outro ou, se calhar também, um de nós transportasse uma doença incurável como uma paixão ou, apenas, as dores da nostalgia e precisasse de o dizer, ali, logo, desesperadamente mas apenas e só e exclusivamente ao outro.

(Porque se há coisa que me chateia é não poder desabafar contigo – tantos anos depois ainda me fazes falta, só contigo consigo falar, abrir o jogo. Nem que seja para te dizer que, aqui no clube desportivo, ganhei o torneio de sueca e que o rapaz comprou um piriquito - sim, o mesmo que poderia ter sido teu filho e que agora é filho daquela megera da qual fujo, todos os dias, para dentro das imperiais, num vôo digno de nadador olímpico. Ah, já me esquecia de te contar, o puto faz natação.)

Depois, ainda, nunca mais te vi – mas faço concursos comigo mesmo, tipo Guinness dos pobres. Sim, do género “quantos whiskies serão necessários para me ser impossível esquecê-la?” ou “a partir de quantas canções lentas, de tão lentas que matam, é que não conseguirei fugir-lhe?”. Curiosamente, nunca acerto.

(Porque se há coisa que me chateia é nunca ter acertado - nunca tive jeito para acertar no que quer que fosse: nem no totoloto, nem num nome, nem - como se prova – num amor. E hoje, como em todos os “hojes” anteriores que se vão disfarçando de passado, como em todos os “hojes” que se irão disfarçar de futuro, como, ainda, em todos os nadas que se disfarçarão de “tudos”, eu fico, fico apenas, limitando-me a velar as margens dos rios, as margens das dores e as margens de todas as vidas que eu tento transportar numa só vida de merda que é a minha vida marginal.)

De merda, digo-te.

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quinta-feira, junho 14, 2007

Não há nada como os psicólogos

Achei graça quando, pela primeira vez na minha vida, ao fazer amor a minha comparsa me tratou por “Dr. Pereira da Silva”, por entre gritos histéricos (meus) e bocados de batatas fritas de pacote (dela), com os quais tentava matar as moscas na parede. Por várias razões: não é esse o meu nome, tenho apenas a 4ª classe (ramo “canídeos e hortaliças”) e, para além disso, estava tão baralhado no acto ao ponto de lhe ter causado uma otite. Confesso - achei tanta graça que, no dia seguinte, com ela no otorrinolaringologista (“oto” para os amigos), ainda me estava a rir, enquanto acabava com as batatas que haviam sobrado do tiro ao alvo. Bom, ria-me também porque o gajo usava ceroulas rosa na cabeça, mas isso é absolutamente secundário. (Mas extraordinário e giro na mesma).

Da segunda vez já não achei assim tanta graça, tanto mais que, mais tarde, me apercebi que a minha partenaire não era a freira devassa como que eu, durante anos, havia sonhado e fantasiado mas, apenas e só, um reles pinguim míope e excomungado - pelos vistos também arraçado de papagaio, pois não se calava com aquela de “Dr. Pereira da Silva, que belo instrumento!, Dr. Pereira da Silva, que belo instrumento!...”. Era verdade, é certo, mas às tantas cansa...

Da terceira senti que era demais, já que estava em pleno e frenético papanço do meu psicólogo clínico, o Dr. Pereira da Silva. Realmente, era mesmo demais - o gajo era completamente marado, a tratar-me pelo seu nome! Mas (espera aí!)... será que ele não se estaria a imaginar com o próprio pai (o apelido era o mesmo, evidentemente...) e eu, ali, serviria apenas para lhe preencher a fantasia erótica - ainda por cima, a pagantes?!

Só havia uma saída - mandei-o para o sofá, ele falou durante horas, eu não ouvi uma palavra que fosse, cobrei-lhe um balúrdio e, desde então, já me sinto bastante melhor. Ao ponto de ter realizado que me chamo Pereira da Silva e que adoro fazer amor comigo mesmo, enquanto como batatas fritas de pacote no iate que comprei com os honorários que lhe cobrei (e também com as massas provenientes de umas limpezas de escritório, que um dinheirinho extra nunca fez mal a ninguém). Como bónus terapêutico descobri, também, que minha mãe era o caracol hemofílico que me surgia em sonhos. Ah, e apenas duas semanas depois, já fazia com aquele fantástico médico um grande barbeque, comemorando a minha cura!

De facto, não há nada como os psicólogos! Saborosos comó caraças!

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sexta-feira, junho 08, 2007

Lendo o DN (2007-06-08) - “EUA evitam compromisso sobre o ambiente no G8”

"Os oito países mais industrializados do mundo (G8) defenderam ontem a necessidade de reduzir em 50%, até 2050, as emissões de dióxido de carbono (CO2), o gás referido como principal responsável pelo aquecimento global do planeta.

Esta posição, assumida na cimeira do G8, que decorre na estância balnear alemã de Heiligendamm, no Báltico, retoma um objectivo global da estratégia elaborada pela Comissão Europeia, presidida pelo português Durão Barroso, para evitar o aquecimento do planeta. Neste domínio a UE pode mostrar-se satisfeita, mas não esconderá o desapontamento perante a recusa dos EUA quanto a restrições quantificáveis e de cumprimento obrigatório.

O presidente dos EUA, George Bush, receia que tais restrições ponham em causa o desenvolvimento da economia e prefere [...] a manutenção do diálogo com a China e a Índia para obter, dentro de 18 meses, um acordo a longo prazo para a redução de CO2.”


Tradução das palavras do inenarrável Bush: ‘Bora aí convencer os chinocas e os amarelos a poluírem menos, para que nós, os norte-americanos, aqueles gajos superiores a tudo e a todos, possamos continuar com o nosso “american way of life”, independentemente das consequências.

Mas será que, para não mudar o “american way of life”, teremos de continuar a destruir o planeta, deixando qualquer dia de haver “life” propriamente dita, na “way” mais óbvia que é, apenas e só, continuarmos vivos?

Por favor, alguém que diga ao Bush que, por este andar, os macacos também se extinguem – pode ser que, a partir daí, ele se preocupe, pois assim passará a dizer-lhe directamente respeito.

A conclusão desta cimeira poderia ser, como diria um célebre futebolista, “estávamos à beira do abismo mas agora demos um grande passo em frente!”.


PS – A propósito de frases célebres, existe uma de uma tribo não me lembro donde (que, como transparecerá, não está ainda “conspurcada” pela “civilização”) que diz (citando de cor...): “O planeta não é nosso; apenas o pedimos emprestado aos nossos filhos” – já agora, convinha deixá-lo em bom estado, digo eu...

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