CUOTIDIANO

quarta-feira, maio 02, 2012

When I Need You



Amanhã, à mesma e exacta e certa e rigorosa hora irei estar à tua porta, à tua espera, para te abraçar e te dizer que há muito te esperava, desde sempre, desde o muito que não te vi. Mas sei que, depois, apenas te verei passar e nada te direi. Nada - nem, sequer, que te espero desde há muito. E para sempre. E à mesma exacta e certa e rigorosa hora. Mas olhar-te, ver-te a passar e, por momentos, cheirar o teu cheiro, ouvir os teus passos, deslumbrar-me com o teu cabelo dançando com o vento em câmara lenta, isso, apenas isso, irá bastar para que amanhã, à mesma exacta e certa e rigorosa hora eu volte à tua porta, à tua espera, para te abraçar. E, mais uma vez, sei que não o farei. Mas sabendo que, no dia seguinte, lá estarei de novo para te rever, segundo a segundo, hora a hora, dia a dia, mês a mês.


(E, sem que saibas, para te amar outra vez.)

terça-feira, maio 01, 2012

Dia do Trabalhador

Pensei tirar férias de mim. Morrer por uns meses. Desertar um pouco. Pelo menos.

Depois pensei mudar de nome, de tempo, de vontades. Enfim…

Fugir.

Sentei-me à beira do penhasco, ouvindo as aves e as vontades, lembrando-me do que – julgo que – fui, imaginando o que poderia ter sido, o que poderia – se calhar e com uma sorte do catano – vir a ser. Mas

Agora – pim! – passava a ser um tempo chamado Artur. Pim.

De quem passaria a ser amigo? Não sei. De quem me aproximaria? Não sei. Quem, afinal, teria sido? Muito menos. Mas

Não era eu!

(Uf…)

Estava farto de mim, de me aturar, das recônditas voltas dentro da minha cabeça que a realidade dava, qual carrossel absurdo e repetitivo

(pior ainda, sem graça nenhuma!)

Que me ecoava na

Quando de manhã acordei, o meu cão lambeu-me o nome no nariz. Ressacado como estava, achei que o mau hálito era dele. Enganei-me.

Depois tirei férias de mim.

Parti.

(Morri ou nasci?)