CUOTIDIANO

sábado, janeiro 24, 2009

Obrigado George W. Bush

Nesta triste hora da tua despedida, queria dizer-te, do fundo do coração, obrigado George W. Bush, obrigado por tudo o que fizeste por mim. Obrigado por me teres explicado que não havia negros no Brasil, que África era um país e que, para evitar fogos florestais, o melhor é abatermos as árvores. Mas, principalmente, por me apontares o caminho certo e, ao fazê-lo, teres-me salvo a vida - é que, graças aos teus ensinamentos, matei o meu vizinho antes que ele me matasse a mim, com a bazuca que, de certeza absoluta, estava escondida na cave. Para além de que tinha aquela irritante mania de usar calças amarelas.

Por tudo isto e muitíssimo mais, o meu muito mas muito obrigado Jorginho. (Posso tratar-te assim, carinhosamente, não te importas, pois não?)

Lisboa, Janeiro de 2009

Prisão Hospital S. João de Deus, Caxias, Ala de Psiquiatria

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domingo, janeiro 11, 2009

Sob o efeito do álcool

Quando foi apanhado a beber sob o efeito do álcool sentiu, de imediato, que estava tramado. Completamente tramado.

- Então diga lá: Bebeu alguma coisa antes dessa cerveja? – perguntou-lhe o agente da Polícia Imperial, uma espécie de novo corpo expedicionário mas sem direito a deserto.

- Eu? Eu não, xôguarda! Nada! Mesmo nada!

- Hummm… Vamos lá então soprar no balãozinho. Vá, sopre.

- (…)

- 0,7?! E quer você fazer-me acreditar que, antes dessa imperial, não bebeu nada?

- Não, não bebi, eu sou é muito sensível e, para além disso, tenho pouco sangue desde que uma vez, em criança, caí de uma árvore, fartei-me de sangrar e os meus pais esqueceram-se de repor o sangue perdido. É por isso. Só por isso.

- Mas você está à espera que eu acredite nisso?!

- Ah, e depois ainda apareceram três vampiros, doidos por uma sobremesa, e atacaram-me.

- (…)

- … E ontem fui dar sangue ao Hospital.

- Ó homem, mas você droga-se?

- Por acaso… drogo. Porquê?

- É que uma história dessas, meu amigo… bom, mas como se droga está então tudo explicado e, graças a essa atenuante, vou deixá-lo ir. Pode-se ir embora, vá lá. Boa noite.

- Boa noite. E, já agora, posso conduzir?

- Mas você tem carro? É que eu não vejo nenhum por aqui.

- Não, de facto não tenho.

- Então está bem, pode seguir. É que se fosse apanhado a conduzir num carro…

- Sim, já sei, estava tramado. Completamente tramado.

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