CUOTIDIANO

sexta-feira, outubro 26, 2012

Hoje falo sobre fdp’s



A minha mãe era “portuguesa de 2ª” – isto citando rigorosamente o seu BI, aquela coisa “démodé” que entretanto pariu o CC (estas abreviaturas são muito parideiras…). Ou seja, apesar de filha de brancos e, ela própria, mais branca do que o Gasparzinho (o simpático fantasma, não o sintático sinistro), era de 2ª porque nasceu no Huambo, na altura “Nova Lisboa”. Claro está que os seus amigos de escola – mantendo a proporção – seriam, maioritariamente e no mínimo, portugueses de 15ª. Mas adiante.

(Isto tudo para – por deformação profissional/matemática – achar que, continuando a manter as proporções, seremos – quase – todos portugueses de 100º nível, sendo que há os de 1ª, ou seja, Passos e “sus muchachos”, incluindo o Gasparzinho – o sintático sinistro, não o simpático fantasma - que só sobrevivem, reconheça-se, porque os restantes – nós, a apática ralé – vamos deixando.)

Continuando. Os tais “creme de la creme” chegaram à conclusão – não matemática, não económica, não racional, mas apenas de fé - que, se nos portássemos bem, sem ondas, perante os credores, sem discutirmos nada, sem negociarmos nada, apenas baixando a cabeça para recebermos o esperma em deleite de submissão, chegaríamos a algum lado, qual cego após vazar os próprios olhos.

(E até, para a tal recolha de esperma, nos obrigam a pagar a vaselina com juros – que, afinal e ainda por cima, é serradura!)

Mas o pior é que a realidade – aquela coisa que, normalmente, não dá jeitinho nenhum – continua a surgir completamente desfasada dos sonhos delirantes dos portugueses de 1ª e, infelizmente, mesmo em cima dos piores pesadelos dos de 100º nível. Mas, como aos “eleitos” – na acepção religiosa do termo – isso não os afecta… vamos embora, o 100º nível ainda é bom demais para eles, ‘bora aí dar-lhe mais, ou melhor, tirar-lhes mais!

 

(Peço desculpa mas hoje só consigo falar sobre a maior corja de fdp’s que jamais se juntou em Portugal – falo, evidentemente, dos que actualmente nos (des)governam!)

 

 

quinta-feira, outubro 11, 2012

Diz que é um livro giro...



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terça-feira, outubro 09, 2012

TÓPICOS (II) - INSÓNIAS


 
Ele percorre ciclicamente todas as divisões e entranhas da casa à espera que algo aconteça – quando pela cozinha, que tenha fome, quando pelo quarto, que tenha sono, quando pela sala que tenha vontade de ver uma série, novela, concurso, umas tele-vendas que sejam!
 

(Mas não.)


Nada. Dá mais voltas e voltas à casa, revira-se retornando sempre a si mesmo, confere o sabonete das casas de banho, as lâmpadas nos candeeiros, o fecho das portas - mas nada o embala para adormecer nem, sequer, lhe dá o mínimo gozo de estar vivo. Aliás, nada poderá certificar de que o está, pelo menos de um modo minimamente objectivo e científico.

 
 

(Se calhar, nada será a sua melhor opção.)

 

TÓPICOS (I) - DECLARAÇÃO DE AMOR


 
Ele faz-lhe uma declaração de amor, engana-se numa frase qualquer, ainda tenta continuar, ela tenta conter-se mas não consegue, começa-se a rir, pede desculpa, eram só uma letra ou duas de diferença, pôrra! Mas o diabo está nos pormenores e o momento fica estragado.

Indiferente a isso e mui estranhamente, após uma pausa com dores de silêncio e tudo, ele começa-se a rir também. Estava então criado todo um novo momento, nada é verdadeiramente mais importante do que rir juntos – de facto, a partilha do riso é a forma mais pura de se almar alguém.

Depois acalmam, ele retoma a frase, desta vez não se engana. Mas riem de novo. Abraçados. Pelo momento. Pelo tempo que entenderem.

(Sem eternidade, mas com corpos.)