CUOTIDIANO

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Um belo, maravilhoso, lindo, deslumbrante, […] presente no sapatinho

- Mãe Mãe maravilhosa excelente admirável deslumbrante encantadora primorosa perfeita portentosa estupenda assombrosa surpreendente Mãe olha o que o Pai Natal me deu – gritou a criancinha enquanto abanava a cama da Mãe, provavelmente acordando todo o prédio e uns 120 ácaros mais preguiçosos.

- Não vejo nada, filha – respondeu a Mãe, ainda meio (80%, vá lá…) a dormir.

- Não vês mas ouves não me digas que estás tão distraída absorta abstracta alheia ausente desatenta pensativa alheada descuidada que não te deste conta que a prenda que o Pai Natal me deu foi um sapatinho cheio de adjectivos e como era a prenda que eu sempre sonhei já estou a brincar com eles iupiiii

- Então mas aquela boneca que…

- Esquece Mãe agora só quero brincar com os adjectivos é muito mais divertido alegre cómico engraçado pândego entusiasmante animado do que com qualquer outro brinquedo não vês

- Então e o jogo…

- Não vale a pena Mãe não quero saber de mais nada


- Se aquele sacana daquele gordo para o ano não lhe traz a porcaria dos sinais de pontuação, acho que me passo, vou até à Lapónia e empalo-o! – pensou a Mãe, enquanto continuava a sorrir, ternamente, à criancinha. Um sorriso evidentemente parvo, pateta, tolo, tonto, imbecil, idiota e obtuso.

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sexta-feira, dezembro 19, 2008

Conto de Natal

Quando, 24 de Dezembro à noite, pendurou a meia na chaminé da sala, estava cheia de esperança de que, no dia seguinte, ao acordar, teria montes de prendas - roupas, livros, (quem sabe até) a chave de um carro novo…

Acordou ansiosa, manhã cedo. Correu para a sala com o coração aos saltos. Ao chegar, constatou que toda aquela correria fora em vão - a chaminé estava completamente vazia e nem mesmo a meia ainda lá se encontrava.

Três dias depois, ainda mal refeita do que tinha acontecido, ao passar pela principal loja do bairro, estranhou um cartaz “meias em promoção” no vidro.

- Deve ser só coincidência – pensou, enquanto se afastava.


- Que boa alma… - comentou o Pai Natal a uma das suas renas, enquanto se babava ao recontar as notas pela milésima vez. – Para o ano fica com a meia! – concedeu, generoso, enquanto dava mais um golo na sua coca-cola atestada de rum. – Ho, ho, ho!

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quarta-feira, dezembro 10, 2008

A vida continua

Recordo com saudade o tempo em que me fazias fellatios no banho.
Agora… já não te tenho.

Apesar disso, tomo banho.

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