O amor tem destas coisas
O amor tem destas coisas: por vezes acaba, morre, pim. Mas depois, estranhamente, renasce das cinzas de um outro amor que ardeu demais, ao ponto de queimar os olhos, doer ao toque. Renasce, simplesmente renasce, com canto de pássaro e volúpia no riso.
E apesar de saber que assim é, até agora eu carregava e alimentava os meus medos de sempre, que me impediam de partilhar a minha vida, de me aproximar de alguém e sentir o hálito dos corpos, o hábito da pele, o tempo demorado de um olhar cúmplice. Temia que me doesse tudo, ao passar pelas dores de parto de um novo amor. Melhor - destilava medo.
Mas foi agora mesmo, aqui, que tudo mudou. Na calmaria de um lento olhar sobre o ondulado reflexo das estrelas no rio, no preciso ponto onde um barco de sonhos encalhou às tuas mãos pequenas – mas enormes de mundos –, eu vi o amor renascer, tão precioso e último quanto o primeiro, erguido dos cinzentos temores que eu arrastava, agrilhoados ao sangue e aos passos. E ao vê-lo assim, puro de água aos meus olhos cansados, rasguei o peito dos medos, fiz o corpo à entrega, os lábios a ti e, num instante que velarei para sempre, trocámos de almas, num beijo que esvoaçou melodias.
E então, agora mesmo, aqui, que nos coroámos amantes eternos, sei que para sempre transportaremos o sabor um do outro aos ombros, atravessando juntos todos os risos, todos os rios, todas as dores e todos os medos das nossas vidas, até que não me seja concedido nada mais que um beijo de despedida, num último desejo de um condenado a paixão perpétua.
Apaixonei-me, sim apaixonei-me, agora mesmo, aqui.
(Sorrio. Felizmente, o que sempre temera acabara de acontecer.)
E apesar de saber que assim é, até agora eu carregava e alimentava os meus medos de sempre, que me impediam de partilhar a minha vida, de me aproximar de alguém e sentir o hálito dos corpos, o hábito da pele, o tempo demorado de um olhar cúmplice. Temia que me doesse tudo, ao passar pelas dores de parto de um novo amor. Melhor - destilava medo.
Mas foi agora mesmo, aqui, que tudo mudou. Na calmaria de um lento olhar sobre o ondulado reflexo das estrelas no rio, no preciso ponto onde um barco de sonhos encalhou às tuas mãos pequenas – mas enormes de mundos –, eu vi o amor renascer, tão precioso e último quanto o primeiro, erguido dos cinzentos temores que eu arrastava, agrilhoados ao sangue e aos passos. E ao vê-lo assim, puro de água aos meus olhos cansados, rasguei o peito dos medos, fiz o corpo à entrega, os lábios a ti e, num instante que velarei para sempre, trocámos de almas, num beijo que esvoaçou melodias.
E então, agora mesmo, aqui, que nos coroámos amantes eternos, sei que para sempre transportaremos o sabor um do outro aos ombros, atravessando juntos todos os risos, todos os rios, todas as dores e todos os medos das nossas vidas, até que não me seja concedido nada mais que um beijo de despedida, num último desejo de um condenado a paixão perpétua.
Apaixonei-me, sim apaixonei-me, agora mesmo, aqui.
(Sorrio. Felizmente, o que sempre temera acabara de acontecer.)
Etiquetas: conto/crónica